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A greve geral na Argentina afetou quase 600 voos e 71 mil passageiros

Esta é a terceira greve geral que o presidente Mauricio Macri enfrenta contra sua política econômica. (Foto: Reprodução)

A greve geral que começou à 0h desta segunda-feira (25) na Argentina afeta serviços como transportes, escolas, bancos, coleta de lixo e postos de gasolina no país e reflete nos voos que partem do Brasil para lá e vice-versa. Ao todo, 594 voos foram cancelados na Argentina por conta da greve geral realizada em todo o país, o que afetou 71 mil passageiros, informou o Ministério dos Transportes.

A medida paralisou o Aeroparque Jorge Newbery, em Buenos Aires, e o Aeroporto Internacional de Ezeiza, nos arredores da cidade, assim como a maioria de terminais do país. De acordo com o órgão, as pessoas atingidas com atrasos ou cancelamentos de voos locais e internacionais tiveram as viagens reprogramadas.

O Aeroporto El Palomar, próximo a Buenos Aires e o primeiro da Argentina destinado para voos de baixo custo, manteve as operações, com nove voos programados da companhia Flybondi.

Esta é a terceira greve geral contra a política econômica do governo do presidente Mauricio Macri. Para o governo, a paralisação é política.

Os organizadores do protesto calculam que pelo menos 1 milhão de trabalhadores devem aderir à greve, convocada pela peronista CGT (Confederação Geral do Trabalho), que agrupa os principais sindicatos da Argentina.

Os metrobus das grandes cidades da Argentina (carros especiais para o transporte público urbano) permaneciam desertos desde meia-noite e circulavam apenas táxis pelas ruas.

Geralmente bastante engarrafadas, as ruas de Buenos Aires tinham trânsito leve nesta segunda, devido à ausência do transporte público.

A circulação de caminhões era quase inexistente. Em Buenos Aires, também não funcionou o trem de mercadorias que liga os setores do porto.

Os portos e aeroportos, as estações e linhas de ferrovia, os escritórios, hospitais (exceto urgências) e escolas públicas, serviços de coleta de lixo e postos de gasolina também foram afetados pela greve.

Na região de Rosário, onde se encontra o maior pólo agroexportador da Argentina, os embarques de grãos foram paralisados pela greve de trabalhadores do porto e de funcionários da alfândega. “Não conseguimos exportar nada. Infelizmente, estará paralisado o dia todo”, disse Guillermo Wade, gerente da Câmara de Atividades Portuárias e Marítimas.

Voos no Brasil

A greve causou efeitos para os passageiros de companhias aéreas do Brasil. Há voos cancelados em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Brasília.

A Gol informou que todos os voos operados pela companhia de e para a Argentina nesta segunda-feira foram cancelados, e que foram criados novos voos para atender a demanda. A Gol disse ainda que abriu 9 voos extras entre os dias 24 e 26 de junho para acomodar os passageiros.

A Latam Airlines informa que cancelou todos os voos domésticos e internacionais operados de e para os aeroportos da Argentina.

A Azul cancelou ao menos seis voos de/ou para Buenos Aires.

A Aerolíneas Argentinas anunciou que também cancelou todos os seus voos.

Desavenças

O protesto, convocado pela CGT, ganhou o apoio da CTA (Central de Trabalhadores da Argentina) e da CTA-autônoma, uma das divisões da CTA.

Embora a convocação da CGT se limite a uma paralisação das atividades, sem manifestações, setores mais radicais anunciaram que pretendiam bloquear os acessos à cidade de Buenos Aires com mobilizações.

Os sindicatos desejam o reinício das negociações de ajustes salariais deste ano, para um alinhamento com a projeção de inflação, calculada agora pelo Banco Central em 27%.

As negociações que aconteceram em sua maioria no início do ano utilizaram como referência a meta de inflação anual de 15%.

Para tentar retomar o diálogo com os sindicatos, o ministro do Trabalho, Jorge Triaca, afirmou desejar que as negociações salariais aconteçam livremente.

Crise econômica

Os sindicatos da Argentina se opõem ao acordo firmado pelo governo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) devido ao agravamento da situação econômica do país.

Para enfrentar uma corrida cambial que começou no fim de abril e que provocou uma desvalorização da moeda de quase 35% no decorrer do ano, o FMI concedeu à Argentina um crédito de US$ 50 bilhões, o maior já estabelecido pela instituição.

O crédito tem vigência de três anos e, em troca, a Argentina se compromete a reduzir a zero em 2020 seu déficit fiscal, que no ano passado foi de 3,9% do PIB. Para isso é necessário interromper as obras públicas, reduzir o tamanho do Estado e limitar as transferências às províncias.

Como previsão, o acordo contém uma cláusula que permite ao Estado elevar o gasto em projetos sociais no caso de aumento da pobreza, que em 2017 atingiu 25%.

O desemprego chegou a 9,1% no primeiro trimestre do ano, contra 7,2% no último trimestre de 2017.

 

 

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