Revendedores de carros novos e usados têm um cenário enevoado adiante. A reabertura das lojas não vai significar uma corrida para a compra de carros. A desconfiança que acompanhou o consumidor na crise econômica recente volta a ganhar força.
De acordo com pesquisa feita pelo portal Webmotors, do banco Santander, foi registrada uma queda de 35% na intenção de compra de veículos no fim de março.
A maioria dos 1.137 entrevistados (66%) pretende postergar a negociação. Entre esses, 57% afirmaram que o principal motivo para a mudança de planos é a incerteza financeira.
O medo de perder emprego e/ou renda influi mais no adiamento da compra do que a quarentena: apenas 28% dos que responderam a pesquisa afirmaram que é o temor de sair de casa devido à pandemia do novo coronavírus que os fez desistir de trocar o carro.
Os resultados indicam que a retomada das vendas não deverá ser imediata mesmo que o período de isolamento se encerre mais cedo ou que o prejuízo econômico fique aquém do esperado.
A polarização do momento (isolamento vertical X isolamento horizontal) não ajuda em nada, pois só semeia dúvidas — e o medo se baseia na incerteza.
A Fenabrave (associação que representa os distribuidores de veículos) busca alternativas para animar lojistas e consumidores. A entidade calcula que, se nada for feito, a queda nas vendas em abril deve chegar a 80% na comparação com o mesmo mês de 2019.
A venda de veículos novos caiu 21,8% em março, na comparação com o mesmo período do ano passado. Os resultados foram divulgados pela associação das concessionárias, a Fenabrave, e mostram o impacto da pandemia do coronavírus no setor.
Foram emplacadas 163.588 unidades de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus no último mês, contra 209.148 em março de 2019.
Em relação a fevereiro a queda foi de 18,6%. Já comparando os acumulados de janeiro a março, as vendas tiveram uma queda menor, de 8,2%.
Para o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, o mês de março foi impactado, drasticamente, em função da pandemia do coronavírus.
“Nosso setor, que representa 4,5% do PIB e gera, diretamente, mais de 315 mil empregos, por meio de 7,3 mil concessionárias, está, praticamente, paralisado, em função dos decretos de quarentena”, disse Alarico.
