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Indústria automobilística brasileira vai deixar de exportar mais de 120 mil veículos para Argentina em 2019

Terceirização da produção que causou demissões na Mercedes não deve se repetir em outras montadoras, diz Anfavea. (Foto: EBC)

A indústria automobilística vai deixar de exportar este ano mais de 120 mil veículos para a Argentina em razão da crise econômica no país. A perda, calculada com base nas entregas do ano passado, levará o setor a reduzir projeções feitas em janeiro para venda externa e produção. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O setor previa produzir 2,88 milhões de veículos, 9% a mais que em 2018. As exportações já seriam 6,2% inferiores ao ano passado, com 590 mil unidades. Os dois números serão revistos. “O impacto da Argentina é maior do que imaginávamos”, disse o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes.

Segundo ele, em 2018, foram exportados, em média, 45 mil veículos por mês para a Argentina. Hoje, é metade disso. De janeiro a maio de 2018, o país recebeu 76% das exportações brasileiras, fatia que caiu para 59%.

Nem o recente anúncio do governo de Mauricio Macri, de que haverá incentivos para a compra de carros, deve mudar o quadro. “Qualquer melhora lá pode ajudar aqui, mas não sabemos ainda se será apenas uma medida pontual”, diz Moraes.

Principalmente em razão do recuo de vendas para a Argentina, a Toyota vai cortar 340 vagas da fábrica de Sorocaba. A Volkswagen dará férias e folgas de um mês aos funcionários da produção de São Bernardo do Campo, a partir do dia 24, e já adotou o expediente na filial de Taubaté por 20 dias. A Nissan suspendeu plano de criar um terceiro turno em Resende (RJ).

Empregos

Nos cinco meses do ano, a exportação total de veículos caiu 42% ante 2018 (para 181,6 mil unidades). A produção cresceu 5,3% (1,241 milhão) e as vendas 12,5% (1,084 milhão).

Só em maio foram produzidos 275,7 mil veículos, alta de 30% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando a greve dos caminhoneiros paralisou as fábricas por causa da falta de peças. As exportações caíram 32,7%, somando 915,1 mil unidades, enquanto as vendas cresceram 21,6%, para 245,4 mil unidades. Em um ano, o setor fechou 2,4 mil postos de trabalho. Hoje, emprega 130 mil pessoas. Em maio de 2018 eram 132,4 mil.

Simplificação tributária

A Anfavea ressaltou, na semana passada, a urgência de se promover uma profunda simplificação tributária e burocrática no Brasil. De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, 1,2% do faturamento industrial é gasto com mão de obra, software, serviços e custos legais para cálculos e processamentos de tributos.

Obviamente, neste porcentual não estão incluídos os custos dos impostos propriamente ditos. Anualmente, a indústria brasileira gasta cerca de R$ 37 bilhões apenas com essas operações burocráticas, o que representou em 2017 0,6% do PIB nacional e 5,5% do PIB industrial”, diz a Anfavea.

Focando apenas no setor automotivo, a Anfavea calcula um gasto anual de R$ 2,3 bilhões só com esse custo burocrático-tributário, valor maior que o R$ 1,5 bilhão previsto com Pesquisa e Desenvolvimento no programa Rota 2030. “Ou acabamos com esse sistema tributário ou ele acaba com o Brasil”, afirma Luiz Carlos de Moraes, presidente da Anfavea. Ele citou como exemplo o fluxo de importação do airbag, item obrigatório nos veículos nacionais, que demanda 15 passos burocráticos de requerimentos, o que pode demandar 50 dias de processamento

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