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A invasão de privacidade pelos hackers mirou ministros, desembargador e políticos

O ministro da Economia, Paulo Guedes, também era alvo dos criminosos, segundo a PF. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

A PF (Polícia Federal) obteve indícios de que o esquema de invasão de contas do aplicativo Telegram que atingiu o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, é muito maior do que se imaginava inicialmente e continuava ativo até a deflagração das prisões de hackers na terça-feira (23).

A estimativa dos investigadores, após obter dados de sistemas de telefonia, é de que pelo menos mil pessoas foram alvo dos ataques dos hackers. A lista inclui autoridades dos Três Poderes, como Moro, o desembargador do Tribunal Regional Federal da 2ª Região Abel Gomes, delegados da PF, o coordenador da Lava-Jato em Curitiba (PR) Deltan Dallagnol, o ministro da Economia, Paulo Guedes, entre outros políticos.

A Operação Spoofing prendeu quatro suspeitos de participarem do esquema. Já condenado anteriormente por estelionato, Walter Delgatti Neto seria o cabeça do grupo, segundo a PF. Também foram presos Danilo Cristiano Marques, Gustavo Henrique Elias Santos e Suelen Priscila de Oliveira.

Nas buscas na casa de Gustavo, foram apreendidos R$ 100 mil. No momento da prisão de Delgatti, os investigadores encontraram em seu celular o aplicativo Telegram aberto em nome do ministro Paulo Guedes, que havia sido hackeado na noite anterior, o que reforçou as suspeitas de que a atuação criminosa do grupo seguia em curso.

As investigações também constataram movimentações financeiras atípicas nas contas de Gustavo e Suelen. Ao todo, o casal movimentou R$ 627 mil em períodos que vão de abril a junho de 2018 e de março a maio de 2019.

Parceiros

Um relatório da PF indica que os hackers presos na terça-feira, durante a Operação Spoofing, são parceiros antigos na prática de crimes diversos e tentaram comprar armas com moeda estrangeira.

Segundo o documento, que embasou a decisão judicial pelas prisões, um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) detectou que Walter Delgatti Neto e Danilo Cristiano Marques fizeram várias operações de câmbio suspeitas em aeroportos entre os dias 1º e 5 de dezembro de 2016, totalizando R$ 90,7 mil. ​Naquelas ocasiões, conforme a PF, eles comentaram que o propósito das operações, de compra de dólares e euros, era comprar armas.

Levantamento dos investigadores mostra que Delgatti responde a seis processos nas Justiças de São Paulo e de Santa Catarina por estelionato, furto qualificado, tráfico de drogas e uso de documento falso, além de crimes contra o patrimônio.

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