O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem deixado claro a aliados que o clima entre ele e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, segue azedando. Além de ser contra a candidatura do governador à Presidência, diante da inelegibilidade de Jair Bolsonaro, o deputado federal está incomodado com a postura de Tarcísio sobre as sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
A principal queixa de Eduardo, que está nos Estados Unidos capitaneando ou conduzindo o movimento contra o magistrado, é que Tarcísio não faz qualquer movimento para se reunir com autoridades da gestão Donald Trump para ajudar a acelerar as punições contra Moraes. O ex-ministro esteve em agenda nos EUA mês passado e não dedicou um minuto do seu tempo a esse tema. Ele também não se reuniu com o filho do ex-presidente, que está morando naquele país.
A avaliação feita por Eduardo é que, como governador de São Paulo, Tarcísio teria força política junto ao governo dos EUA para ajudar no pedido de sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
O deputado não esconde sua irritação com a proximidade que o governador tem com o ministro Alexandre de Moraes. Para interlocutores, Eduardo diz que Tarcísio não entra em campo pelas sanções para não se desgastar com o STF.
Testemunhas
Em outra frente, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), marcou para o mês que vem as audiências das testemunhas do chamado núcleo dois da trama golpista. Entre as pessoas indicadas para serem ouvidas estão o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Foram marcadas audiências com 118 pessoas, indicadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelas defesas dos réus, entre os dias 14 de julho e 21 de julho.
Golpe de Estado
O núcleo dois da suposta organização criminosa que teria tentado um golpe de Estado é formado por seis pessoas: o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques, o general da reserva Mario Fernandes, os ex-assessores presidenciais Filipe Martins e Marcelo Câmera e os ex-diretores do Ministério da Justiça Marília Alencar e Fernando Oliveira.
Delação premiada
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que é réu no primeiro núcleo, será ouvido como informante. Ele fechou um acordo de delação premiada.
As audiências começarão com as testemunhas de acusação, as mesmas do primeiro núcleo. A PGR, contudo, já pediu a dispensa da maioria delas, pedindo a manutenção apenas de dois deles: Clebson Ferreira de Paula Vieira, ex-integrante do Ministério da Justiça, e Adiel Pereira Alcântara, ex-coordenador da PGR.
Apesar da dispensa como testemunhas de acusação, os ex-comandantes Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos de Almeida Baptista Júnior (Aeronáutica) devem voltar a serem ouvidos, agora como testemunhas de defesa de Filipe Martins.
Entre as testemunhas de Martins também estão os ex-ministros Gonçalves Dias e Onyx Lorenzoni , os senadores Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Eduardo Girão (Novo-CE) e os deputados federais Marcel van Hattem (Novo-RS), Eduardo Pazuello (PL-RJ) e Hélio Lopes (PL-RJ).
Ao apresentar a denúncia, em fevereiro, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, definiu o núcleo 2 como sendo formado por pessoas com “posições profissionais relevantes”, que “gerenciaram as ações elaboradas pela organização”. As informações são do jornal O Globo.