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A Justiça mandou soltar auditor da Receita Federal que jogou notebooks no lixo em operação da Polícia Federal em São Paulo

Computador encontrado no lixo na casa de um dos auditores da Receita alvo de operação da PF. (Foto: Divulgação/PF e Receita Federal)

A juíza federal substituta Michelle Camini Mickelberg, da 2ª Vara Criminal Federal de São Paulo, mandou soltar o auditor da Receita Willians Gonçalves Nogueira, alvo da Operação Triuno, da Polícia Federal (PF), em outubro deste ano.

A operação investigou um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro e investigava auditores fiscais suspeitos de cobrar propina para alterar multas aplicadas pela Receita a grandes empresas.

Nogueira foi preso em 26 de outubro após jogar notebooks e um HD no lixo durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão feito em sua residência durante a operação.

Willians Gonçalves Nogueira está afastado da Receita Federal por outra decisão judicial e não pode nem entrar em qualquer repartição do órgão. O auditor é acusado de ter solicitado e recebido propina das empresas Qualicorp e Rimo para que tributos não fossem incluídos em fiscalizações feitas nas empresas.

Ao mandar soltar o auditor, a juíza afirmou que, apesar dos “indícios concretos” de que Willians Gonçalves Nogueira tinha como objetivo “obstruir a coleta de provas”, há “excesso de prazo na sua prisão”. A magistrada afirmou que ainda estão pendentes o depoimento e a análise do material apreendido.

“Percebe-se que não há previsão de encerramento das investigações nos próximos dias, uma vez que a autoridade policial solicitou a intimação para oitiva “conforme pauta disponível”, descuidando da absoluta prioridade que deve ser dada à investigação que conta com investigado preso preventivamente”, escreveu a juíza.

De acordo com a juíza, a Polícia Federal “não apresentou qualquer esclarecimento sobre eventuais dificuldades encontradas no curso das investigações, os motivos de tais oitivas não terem sido realizadas e o porquê do atraso na análise do material apreendido”.

A Operação Triuno é uma das etapas da Operação Descarte, que começou em março de 2018. A investigação mira um esquema de lavagem de dinheiro e corrupção por meio de uma rede de empresas de fachada. A Triuno investigou ainda outros dois auditores.

Mais uma decisão

Nessa segunda-feira (30), o desembargador Nino Toldo, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), negou uma liminar em habeas corpus a Willians Gonçalves Nogueira. O magistrado afirmou que a atitude do auditor “de se desfazer de seus computadores, ante a iminência da chegada da Polícia Federal em sua residência, é indicativo de que neles poderia haver informações de interesse para a investigação, o que demonstra, com isso, que sua liberdade pode, ao menos neste momento, obstruir a persecução penal”.

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