As variadas marcas da política chinesa de filho único não serão apagadas tão cedo. Seus impactos podem ser percebidos, por exemplo, no envelhecimento da população e até na forma como são tratados os filhos – e netos – únicos: os mimados “pequenos imperadores”. Instituída em 1980, após a China já ter registrado uma queda importante na natalidade, a política estabeleceu cotas de filhos por casais.Quem descumprisse estaria sujeito a multas. Esterilizações e abortos forçados foram amplamente relatados.
Ao longo dos anos, o número permitido de filhos por casal foi modificado e dependia de variados fatores, como de onde morava a família, se tratava-se de minoria étnica e se os pais tinham irmãos. Em 2013, uma flexibilização permitiu, de forma geral, um segundo filho para casais em que pelo menos um dos pais era filho único (até então, só havia o direito caso pai e mãe fossem filhos únicos). Após 35 anos em vigor, o governo chinês anunciou, em 2015, que todos os casais poderiam ter dois filhos. Cálculo oficial indica uma redução de 400 milhões de nascimentos em três décadas.
Pelo menos 6,5 milhões de pessoas vivem sem registro oficial na China devido à política de natalidade. Um conhecido efeito da política é o desbalanceamento entre homens e mulheres, devido a abortos e mortes de meninas. Estima-se que, em 2020, o país terá uma sobra de 30 milhões de homens em idade de casar. Kay, porém, acredita que uma parte dessas mulheres “em falta” apenas viva fora dos registros oficiais. (Folhapress)