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“A maioria dos candidatos força a barra”, avaliam cientistas políticos

Para especialistas em política, a maioria dos candidatos força a barra em suas divulgações publicitárias. (Foto: Freepik)

Narrativas que apelam à emoção, que fogem da realidade, não necessariamente relevam as características dos políticos que pleiteiam ver seus nomes nas urnas, nas eleições de outubro. Para especialistas em política, a maioria dos candidatos força a barra em suas divulgações publicitárias nas campanhas eleitorais.

Para o cientista político Marco Antonio Teixeira, da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas de São Paulo), os vídeos divulgados pelos presidenciáveis são peças publicitárias, feitas apenas para valorizar a figura dos pré-candidatos e não necessariamente informar ao eleitor sobre o contexto político do País e sobre as visões e estratégias dos candidatos.

“A maioria força a barra. Qualquer avaliação mais crítica revela as diferenças entre o que se mostra e a realidade dos fatos. O vídeo da pré-candidatura do Lula, por exemplo, é quase um documentário. Um filme para apaixonados, que relaciona a crise que vivemos apenas ao governo de Michel Temer. É como se Lula, Dilma e o PT não tivessem nada a ver com isso”, declarou Marco Antonio Teixeira em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.

O professor também citou os posts do candidato à Presidência da República Henrique Meirelles, de alta qualidade fotográfica, mas sem comprometimento com a verdade, ao menos toda a verdade sobre a crise econômica. “Ele diz ter tirado o País da lama, o que não ocorreu, e faz isso sem nem sequer citar que era ministro de Temer”, ponderou Teixeira.

Na análise do cientista político Carlos Melo, independentemente do conteúdo, os vídeos revelam antecipação de campanha eleitoral. “Os pré-candidatos não estão disputando uma vaga dentro de seus partidos, como ocorre nos Estados Unidos e justifica a definição de pré-campanha. Estão fazendo campanha mesmo, estão disputando posição nas pesquisas para se viabilizarem. Ao meu ver, isso deve ser fiscalizado”, disse Melo, que é professor do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), localizado em São Paulo.

Para o publicitário Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, é legítimo cada pré-candidato querer se promover, se expor nas redes da maneira como quer ser visto pelo eleitorado. “Com essa pulverização de candidaturas à Presidência da República, quem alcançar o maior número de candidatos leva vantagem. É do jogo da democracia escolher o conteúdo que lhe favoreça”, justificou o publicitário.

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