A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, demitiu a secretária nacional de Políticas para Mulheres, a ex-deputada federal Tia Eron (PRB-BA). A decisão foi comunicada pela ministra à ex-parlamentar e publicada em edição extra do Diário Oficial da União. O posto será ocupado pela também ex-deputada federal Rosinha da Adefal (Avante-AL), que é hoje secretária-adjunta da estrutura e que deve assumi-la de forma definitiva.
Nas últimas semanas, a ministra vinha reclamando do desempenho de Eron no cargo. Para ela, a secretária não atendeu às expectativas. Uma das queixas era a falta de políticas eficientes para o combate à violência doméstica no País. A avaliação era também de que ela não tinha uma boa relação com sua equipe. Eron ganhou fama em 2016, quando deu o voto de minerva na decisão do Conselho de Ética que pediu a cassação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ).
Membro da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) à época, ela deu o voto que selou a aprovação do relatório que pedia a perda de mandato de Cunha, hoje preso. Depois de protagonizar o episódio, Eron assumiu a secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza de Salvador, sob a gestão de ACM Neto. Ela, que era parte da bancada evangélica da Casa, disputou as eleições de 2018, mas não conseguiu ser reeleita.
Deixar o cargo
Damares Alves é a estrela mais vistosa da constelação de evangélicos do universo político brasileiro. Há alguns dias, ela se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro para discutir seu futuro. Depois de fazer um balanço das atividades do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares comunicou que vai deixar o cargo. Alega que está cansada e precisa cuidar da saúde, que anda debilitada.
Desde que assumiu o comando da Pasta, há quatro meses, a ministra enfrenta uma rotina estressante – mas com um ingrediente incomum: Damares recebe ameaças de morte. Com isso, ela abandonou sua residência, em Brasília, e passou a morar num hotel, cujo endereço é mantido em segredo. Por recomendação do GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República), Damares também não costuma antecipar a agenda, circula pela cidade escoltada e um segurança fica postado na entrada de sua sala durante todo o expediente.
Na manhã de sexta-feira (03), após a publicação da matéria, a ministra divulgou a seguinte nota: “Informo que não pretendo sair do governo”. Damares informou a Bolsonaro que deixará o ministério apenas quando tiver concluído a revisão dos principais programas da Pasta. A ministra explicou ao presidente que não tem mais condições físicas e emocionais para suportar por muito mais tempo as demandas que o cargo impõe. Bolsonaro, ao ouvir as queixas, desdenhou: “Você vai sair, mas daqui a quatro anos”. A ministra avisou que permanecerá no cargo, no máximo, até dezembro deste ano.
