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A Nike critica o trabalho escravo na China e causa alvoroço nas redes sociais do país e retaliações

Nike afirma que as intenções de continuar atendendo os consumidores na Grande China permanece forte. (Foto: Reprodução)

Nike, H&M e outras grandes marcas de roupas ocidentais estão enfrentando um boicote na China por causa da posição que tomaram contra o suposto uso de trabalho forçado na produção de algodão na província chinesa de Xinjiang.

Há alguns meses, a fabricante de material esportivo americana e a gigante sueca de vestuário divulgaram comunicados nos quais criticavam o uso de trabalho forçado para produzir algodão na Região Autônoma Uigur de Xinjiang. No entanto, somente nos últimos dias estão sendo bombardeadas nas redes sociais chinesas.

No comunicado divulgado em setembro do ano passado, a H&M disse estar “profundamente preocupada” com os relatos de trabalho forçado na produção de algodão, e declarou que não iria mais comprar o produto de Xinjiang.

A reação por parte dos chineses, envolvendo inclusive personalidades públicas, só ocorreu depois que um grupo ligado ao Partido Comunista postou uma declaração da H&M sobre Xinjiang no site de mídia social chinês Weibo, semelhante ao Twitter.

Em uma postagem viral na rede social sobre a H&M, a Liga da Juventude Comunista da China denunciou a posição da empresa.

“Espalhar rumores para boicotar o algodão de Xinjiang enquanto tenta lucrar na China? Pensamento positivo!”, dizia o post.

Os comentários geraram uma enxurrada de críticas dirigidas à H&M por usuários das redes sociais chinesas, incluindo uma hashtag viral que foi lida mais de um bilhão de vezes: “Eu apóio o algodão Xinjiang.”

“As roupas da H&M são trapos”, disse um dos comentários mais populares do Weibo. “Eles não merecem nosso algodão Xinjiang!”

O porta-voz do Partido Comunista da China, o Diário do Povo, expressou sua indignação com a H&M, dizendo em seu relato oficial no Weibo que “o algodão de Xinjiang da China é branco e perfeito”.

Já a emissora estatal CCTV acusou marcas estrangeiras de “ganhar grandes lucros na China, mas ao mesmo tempo atacar o país com mentiras”.

Em retaliação, os produtos da multinacional sueca, a segunda maior varejista de roupas do mundo, simplesmente desapareceram dos sites de e-commerce Taobao e Alibaba, e celebridades cortaram os laços comerciais que tinham com a marca. Nike e Adidas, entre outras marcas, também enfrentam fortes críticas e ações similares.

O ator Huang Xuan, que era embaixador da marca H&M desde abril passado, disse publicamente que não trabalharia mais com a empresa.

Em um comunicado publicado na noite de quarta-feira no Weibo, a H&M disse que sempre manteve altos padrões, bem como transparência, em sua cadeia de fornecimento global.

“[Isso] não representa qualquer posição política … O Grupo H&M sempre respeitou os consumidores chineses. Estamos comprometidos com o investimento e o desenvolvimento de longo prazo na China”, disse o comunicado.

A gigante sueca acrescentou que está trabalhando com “mais de 350 fabricantes” na China.

Reações contra a Nike

Em poucas horas, as críticas dirigidas à H&M respingaram na Nike. Há cerca de um ano, a fabricante de material esportivo americana havia dito que estava “preocupada com relatos de trabalho forçado em Xinjiang e conectado a ela”.

“A Nike não adquire produtos (de Xinjiang) e confirmamos com nossos fornecedores contratados que eles não estão usando tecidos ou fios da região”, disse o comunicado.

Logo depois que o comunicado da Nike apareceu no Weibo, o cantor e ator chinês Wang Yibo, de 23 anos, muito popular no país, anunciou no Weibo que rescindiu seu contrato como representante da Nike, em resposta ao comunicado.

Wang, que obteve reconhecimento internacional depois de protagonizar a série “The Untamed”, tem 38 milhões de seguidores no Weibo e disse que se opõe a “quaisquer comentários e ações que difamem a China”.

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