A Nissan fará uma revisão de seu relacionamento com a Renault se a montadora francesa aceitar a proposta de fusão com a Fiat Chrysler, disse a montadora japonesa nesta segunda-feira (3). A proposta em discussão “altera significativamente a estrutura da nossa parceira com a Renault”, disse o presidente-executivo da Nissan, Hiroto Saikawa, em comunicado. As informações são da agência de notícias Reuters.
“Isso exigirá uma revisão fundamental da relação existente entre Nissan e Renault”, disse ele, acrescentando que a chegada da FCA como um novo membro da aliança “poderia expandir o campo de pagamentos para colaboração e criar novas oportunidades para novas sinergias”.
A FCA está envolvida em intensas discussões com a Renault, e o governo francês sobre a proposta de fusão de US$ 35 bilhões (R$ 137, 5 bilhões) que fez na última segunda-feira para criar a terceira maior montadora do mundo.
FCA e Renault enfatizaram que querem preservar a aliança Renault-Nissan – já prejudicada pela prisão do ex-presidente Carlos Ghosn, que agora enfrenta julgamento no Japão por acusações de fraude financeira. Ele nega as alegações.
A Renault não comentou a declaração do presidente-executivo da Nissan. Mas uma fonte próxima ao conselho de administração da montadora francesa disse que o posicionamento do executivo poderia ter sido pior. “Se você quer dizer não, você diz não”, disse o porta-voz da Renault, Frederic Texier.
Futuro da aliança
Na última quarta-feira (29), a Nissan havia afirmado à Renault que não se opõe à possível fusão da parceira com a Fiat Chrysler, segundo publicou o jornal japonês Nikkei, quando representantes dos grupos se encontraram para discutir o futuro da aliança automotiva franco-nipônica.
Os líderes de Nissan, Renault e da Mitsubishi reuniram-se na sede da Nissan em Yokohama para uma reunião agendada da aliança – que foi ofuscada pela proposta da Fiat Chrysler, de fusão igualitária com a Renault.
O plano, que pode criar a terceira maior montadora de veículos do mundo, levanta questões difíceis sobre como a Nissan se encaixará em uma aliança radicalmente alterada. O presidente da Renault, Jean-Dominique Senard, chegou ao Japão na terça-feira para discutir a proposta com a Nissan, que é 43,4% controlada pela montadora francesa.
“Não nos opomos”, publicou o Nikkei citando uma fonte da Nissan que compareceu à reunião. A fonte também disse que “muitos detalhes precisam ser trabalhados” antes que a montadora japonesa solidifique sua posição sobre o assunto.
Em um comunicado, os membros da aliança confirmaram que tiveram “uma discussão aberta e transparente” sobre a proposta da FCA, de 35 bilhões de dólares. O acordo parece projetado para ajudar as companhias a enfrentar custos de mudanças tecnológicas e regulatórias, incluindo sistemas de eletrificação de veículos e direção autônoma.
A Nissan, que rejeitou propostas anteriores da Renault para uma fusão, apesar da aliança de 20 anos com o grupo francês, foi pega de surpresa pela proposta da FCA, disseram fontes à Reuters, alimentando preocupações de que um acordo com a Fiat Chrysler possa enfraquecer as relações da companhia com a Renault.