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A origem da “Semana Farroupilha”

(Foto: Jackson Ciceri)

A cultura de um povo é a sua essência e suas principais características e isso se constrói através de hábitos e costumes, que passam por gerações, foi o que aconteceu aqui no Rio Grande do Sul, uma sequência de eventos que ao longo de quase duas centenas de anos, desencadearam a formação de uma cultura única e absolutamente nossa, começando pela “Revolução Farroupilha”, em 1835.

Por questões de desordem nacional e mundial, conflitos sociais, guerras, ditaduras e, entre elas, a Segunda Guerra Mundial, nossa cultura e tradições ficaram na “escuridão”, em meio a uma sociedade que tentava apenas sobreviver nos períodos belicosos daqueles tempos.

Em 1947, dois anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, oito jovens estudantes, da Escola Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, denominados de “Grupo dos Oito”, tomaram uma atitude inusitada para a época, que mudou os rumos da história e nos deu uma semana de comemorações em homenagem a “Revolução Farroupilha” e, também, consolidou a nossa cultura.

Liderados por João Carlos D’Ávila Paixão Côrtes, um jovem de apenas 19 anos, estudante do Ensino Médio, criaram, a partir de uma centelha do “Fogo Simbólico da Pátria”, a “Chama Crioula” e, na sequência fizeram uma semana de comemorações na escola, assim, originando a “Semana Farroupilha”, tudo isso em homenagem aos que lutaram e participaram da “Revolução Farroupilha”, em 1835, hoje estes símbolos são o maior orgulho do nosso povo e da nossa cultura.

Em 1948, Paixão Côrtes e seu inseparável amigo de pesquisas e produções literárias, Luiz Carlos Barbosa Lessa, somados aos integrantes do grupo dos oito, entre outros, fundaram o primeiro CTG, a ideia era ter uma instituição que mantivesse viva a cultura campesina do Rio Grande do Sul, dessa forma deram origem ao “35CTG”, o pioneiro, o primeiro CTG, que existe até hoje na capital gaúcha. O nome do primeiro CTG homenageia o ano de 1835, data do início da Revolução Farroupilha.

Em 1966 foi criado o MTG (Movimento Tradicionalista Gaúcho) uma instituição para abrigar em associação os CTGs que estavam nascendo em grande número no estado, bem como trabalhar para manter vivas as tradições e seus símbolos.

Recentemente, há alguns anos, O “Pai do Tradicionalismo”, assim considerado, Paixão Côrtes, fez um pedido ao presidente do MTG, para reavaliar o Movimento Tradicionalista, para que não perca a sua essência, mas ao mesmo tempo venha a transitar com naturalidade junto a juventude e aos novos tempos.

O Movimento Tradicionalista Gaúcho deve continuar levando as novas gerações o legado deixado por Paixão Côrtes, Barbosa Lessa e o “Grupo dos Oito”, que criaram a “Chama Crioula” e a “Semana Farroupilha”.

Portanto, nos cabe hoje recebermos a “Chama Crioula” em nosso município, festejarmos com a devida responsabilidade e mantermos vivas as nossas tradições, sem excessos de modernidade, mas também sem ficar preso a dogmas do passado, assim estaremos cumprindo o que Paixão Côrtes pediu.

Parece que há pessoas que vem a este mundo com uma missão definida, que é, de alguma forma, contribuir com as culturas e a sociedade, foi o que aconteceu com Paixão Côrtes, que, em seus últimos momentos, preocupou-se com as tradições que resgatou do esquecimento e com o legado cultural que nos deixou.

Precisamos manter viva a memória dos Farroupilhas, pela Revolução cultural, política e social que fizeram e que colocou o Rio Grande do Sul como protagonista no cenário nacional brasileiro!

Agora, é curtir a nossa tão esperada “Semana Farroupilha” que está começando: em nossa escola, no CTG, nos Parques Farroupilhas dos municípios, nas casas, nas estâncias, onde for! O importante é confraternizar com os familiares e amigos, com muita gastronomia, música, dança e diversão.

O dia 20 de setembro é a data máxima da cultura do Rio Grande do Sul, portanto coloque sua melhor pilcha, encilhe seu cavalo, coloquem as crianças, as mulheres, os idosos e quem mais quiser nos caminhões, decore tudo com as cores da nossa bandeira e vamos fazer um grande desfile, em homenagem aos nossos antepassados Farroupilhas.
Uma ótima Semana Farroupilha 2025 a todos!

(Luís Eduardo Souza Fraga é historiador e escritor – fragaluiseduardo@gmail.com)

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