Uma operação realizada pela Polícia Civil gaúcha desativou, em Lajeado (Vale do Taquari), um esquema de envio, para todo o País, de um medicamento capaz de induzir o aborto. Além da prisão de uma mulher, foram apreendidos mais de 300 comprimidos do produto.
A investigação foi realizada durante 30 dias, sob o comando de Caroline Jacobs, titular da 2ª DIN (Delegacia de Investigações do Narcotráfico), ligada ao Denarc (Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico). Ela contou com o apoio dos Correios e da Polícia Civil do Paraná.
“O Denarc, com apoio da empresa, passou a realizar desde o início do ano um monitoramento de cargas remetidas pelos Correios aqui no Rio Grande do Sul”, ressaltou o delegado Vladimir Urach, diretor do Denarc, ao mencionar a comprovação de que o remédio foi enviado para cidades paranaenses.
Ainda estão sendo apuradas questões como a quantidade de remessas diárias feitas pela mulher (cujo nome não foi divulgado), bem como a identidade dos destinatários. Também faz parte da investigação descobrir a possível existência de mais envolvidos no esquema criminoso.
Misoprostol
O medicamento comercializado ilegalmente é por base o misoprostol, utilizado no tratamento e prevenção da úlcera gástrica em seres humanos e outros animais. O seu princípio ativo, no entanto, induz o aborto, motivo pelo qual a sua venda ao público geral é proibida desde 1998 pelas autoridades brasileiras. Apesar disso, continua sendo adquirido de forma clandestina (sobretudo por meio da internet), com a finalidade de interromper a gravidez indesejada.
Introduzido no Brasil em 1984 pelo laboratório Searle e sem qualquer restrição de compra nas farmácias até 1991, quando estudos confirmaram as suas propriedades paralelas. O Ministério da Saúde então limitou o seu comércio à apresentação e retenção de receita médica.
(Marcello Campos)