Mais de uma semana após a morte de uma inspetora da Polícia Civil durante tentativa de assalto em um trevo de acesso a Pelotas (Zona Sul do Estado), três homens foram capturados nessa sexta-feira como suspeitos de realizarem o ataque. As prisões ocorreram à tarde em Rio Grande e Pedro Osório, a cargo de agentes da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas).
Com antecedentes criminais e passagens pelo sistema penitenciário, o trio estaria em um Ka Sedan que, na madrugada de quinta-feira da semana passada, interceptou na rodovia BR-116 o carro em que Cristina Gonçalves Lucas, 38 anos, seguia em viagem para Porto Alegre com o marido e os dois filhos (um de 9 e o outro de apenas 1 ano), além da sogra. A família pretendia embarcar no Aeroporto Salgado Filho, rumo a Goiânia (GO), para passar as férias.
Por volta da 1h, ao reduzirem a velocidade para acessar o trevo para Pelotas, eles foram interceptados pelo bando. Uma dupla armada desceu e exigiu que o marido de Cristina (que é policial da Brigada Militar) parasse o veículo, mas ele não atendeu à ordem e acelerou o veículo. Um dos assaltantes então efetuou um tiro, ferindo a inspetora na cabeça – ela chegou a ser internada em estado gravíssimo na Santa Casa de Pelotas, mas teve morte cerebral confirmada no início da noite. O motorista, a idosa e as crianças não se feriram.
No dia seguinte, uma denúncia anônima levou os investigadores ao Ka Sedan usado no ataque. O veículo estava incinerado em uma área de mata próxima à Ponte do Império, no rio Piratini (junto à BR-293).
Natural de Rio Grande, ela trabalhava em São José do Norte desde 2017, quando ingressou na corporação, após uma década como brigadiana. Segundo colegas e ex-colegas de profissão, a tranquilidade na hora de resolver problemas era uma das principais características pessoais de Cristina, que poucos meses atrás havia retornado da licença-maternidade decorrente do nascimento do segundo filho.
Vários deles participaram das cerimônias de despedida da inspetora. O sepultamento foi realizado no Cemitério Católico de Rio Grande, com a presença de diversos colegas. Estavam no local mais de 20 viaturas da Brigada Militar, Polícia Civil e Guarda Municipal, todas com faixas de luto.
Investigação
Informações da Polícia Civil detalharam que os suspeitos – de 24, 25 e 26 anos de idade – já são fichados por crimes como homicídio, roubo, furto e porte ilegal de arma-de-fogo. “O Ford Ka havia sido foi roubado em Pelotas no dia 12 de julho, em uma ação na qual as vítimas tiveram os seus celulares levados”, relatou o titular da Draco de Pelotas, Márcio Steffens.
E foi justamente por meio desses aparelhos que os investigadores conseguiram chegar aos três responsáveis pelo latrocínio, por meio de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça e diligências em diversos locais associados à quadrilha. Ainda segundo Steffens, o trio planejava fugir rumo ao Uruguai. Eles tiveram decretadas as suas prisões temporárias e foram conduzidos ao Presídio de Pelotas.
(Marcello Campos)