Ícone do site Jornal O Sul

A Polícia Federal agora investiga Lula por causa da invasão do triplex do Guarujá pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto

Lula está preso desde abril de 2018. (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Lula está sendo investigado em mais um inquérito —o que apura a invasão, pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), do triplex do Guarujá atribuído a ele. O ex-presidente já estava preso quando ela ocorreu. O petista será ouvido pela PF (Polícia Federal) na próxima terça (26). A informação é da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo.

Embora o imóvel fosse atribuído a ele, a investigação apura se houve esbulho possessório, quando se invade “terreno ou edifício alheio”. A pena é de até seis meses de detenção. E multa.

Num discurso antes de ser preso, Lula afirmou que tinha sido condenado por um “desgraçado de um apartamento que eu não tenho”. E afirmou que já tinha pedido “para o Guilherme Boulos [líder do MTST] mandar o pessoal dele ocupar” o imóvel.

A PF quer saber se a fala do ex-presidente influenciou o movimento a praticar o ato.

Invasão do triplex

Em uma ação que consumiu menos de cinco minutos, cerca de 30 militantes sem-teto invadiram, em abril de 2018, poucos dias após a prisão de Lula, o apartamento triplex atribuído ao ex-presidente e pivô de sua condenação na Lava-Jato.

O grupo —que permaneceu no local por duas horas e 15 minutos— faz parte do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, coordenado por Guilherme Boulos, pré-candidato à Presidência pelo PSOL e uma das lideranças sociais mais próximas de Lula.

“É uma denúncia da farsa judicial que levou Lula à prisão. Se o triplex é dele, então o povo está autorizado a ficar lá. Se não é, precisam explicar por que ele está preso”, disse Boulos na ocasião.

A ação foi acompanhada pela reportagem. Cerca de cem pessoas, divididas em 20 carros, chegaram ao edifício Solaris de madrugada para o ato.

Uma parte do grupo, cerca de 30 militantes, pulou as grades de acesso ao prédio e subiu 16 lances de escada. Não foi encontrada nenhuma arma com os manifestantes, segundo a PM. ​

Ao chegar ao apartamento, após arrombamento da porta, os militantes encontraram uma geladeira, um fogão e um micro-ondas, além de camas.

Eles fixaram bandeiras do movimento na varanda com vista para o mar. Da sacada do prédio, gritam: “Não tem arrego. Ou solta o Lula ou não vai ter sossego”.

Um representante do condomínio bateu na porta, que esta travada por um pedaço de madeira, e perguntou se os militantes tinham ciência de que estavam cometendo um crime. Em resposta, ouviu que só deixarão apartamento com decisão judicial.

Com a chegada da Polícia Militar ao local, o MTST concordou em sair do triplex. Os militantes deixaram o edifício pelas escadas, seguindo roteiro acertado entre advogados e Polícia Militar.

Boulos esteve ao lado de Lula o tempo todo no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, nas horas que antecederam a prisão, e mobilizou integrantes de um acampamento próximo para engrossarem as manifestações em torno do prédio que pediam que o petista não se entregasse.

No dia da prisão, ao discursar em uma missa em homenagem a dona Marisa, Lula chamou Boulos para a frente do caminhão de som e disse que ele tinha “futuro”.

Um dia depois, Lurian, a filha de Lula, discursou para integrantes do MTST, agradeceu o apoio e disse que Boulos era como “um filho” para Lula.

Sair da versão mobile