Na noite dessa sexta-feira, a PF (Polícia Federal) emitiu uma nota oficial desmentindo o conteúdo da reportagem de capa da revista “Veja” publicada nesta semana e que detalha a rotina do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na prisão em Curitiba (PR). De acordo com o comunicado, a matéria – intitulada “A Vida no Cárcere” – contém informações falsas.
A PF garante que as imagens do circuito interno de segurança comprovam que o jornalista Thiago Bronzatto, responsável pela matéria, não teve acesso à área restrita onde fica a cela especial destinada ao líder petista na Superintendência do órgão. O repórter teria apenas participado de uma reunião com um servidor que não tem contato com procedimentos relacionados à custódia de Lula – a possível circulação do profissional de imprensa por outras alas do prédio está sendo analisada.
No texto publicado pela “Veja”, o preso mais famoso do País na atualidade é descrito como um detento que não tem horários rígidos como os demais, mas que levanta às 7h e assiste televisão por meia hora, até um encarregado lhe trazer café e pão com manteiga, cardápio-padrão no local. Esse mesmo funcionário também estaria responsável pela aplicação da dose diária de insulina no petista, que faz tratamento contra a diabetes.
Ainda segundo a reportagem, Lula caminha de um lado para o outro da cela para se exercitar, durante várias horas. A defesa já teria solicitado uma esteira ergométrica e outros itens para complementar a cela de 15 metros quadrados em que o ex-presidente é mantido, com a porta fechada mas não trancada e sob a vigilância constante de dois agentes do GPI (Grupo de Pronta Intervenção, considerado a tropa de elite da PF), armados com pistolas.
A revista também menciona que Lula, diferente dos demais presos da carceragem da PF na capital paranaense, não limpa a cela, o banheiro e nem retira o lixo. Por conta do suposto tratamento diferenciado, ele inclusive teria recebido o apelido de “cliente” e “Lula Escobar”, em referência ao narcotraficante colombiano Pablo Escobar, morto pela polícia em 1993.
O texto também atribui algumas falas a Lula. Em alguns momentos, ele teria feito críticas à senadora Gleisi Hoffmann (PR-PR), presidente nacional do partido, por ela ter prometido parar o País por conta da prisão do ex-presidente, há quase um mês. O líder petista também teria responsabilizado a ex-presidenta Dilma Rouseff pela situação atual do Brasil e pedido, em tom de brincadeira, que a juíza Carolina Lebbos, responsável pela execução penal dos condenados pela Operação Lava-Jato, liberasse um frigobar com cervejas.
Íntegra da nota da PF
“Em relação à publicação pela revista ‘Veja’, em 4/5/2018, de matéria intitulada ‘A Vida no Cárcere’, assinada pelo jornalista Thiago Bronzatto, que trata da suposta rotina do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Superintendência Regional da Polícia Federal em Curitiba, esclarecemos que:
1. Minucioso exame das imagens de circuito interno de segurança permite verificar que o autor da matéria não teve acesso à área restrita ao ex-presidente.
2. Grande parte das informações constantes na reportagem são equivocadas e imprecisas. É absolutamente falso, por exemplo, que seja administrada insulina ao custodiado.
3. O jornalista esteve presente no edifício da Superintendência Regional da PF recentemente, onde participou de uma reunião com um servidor que não possui relação com quaisquer procedimentos relacionados à custódia.
4. As circunstâncias que envolvem possível circulação do jornalista por outras alas do prédio, após a mencionada reunião, já estão sendo apuradas”.
