A polícia austríaca prendeu 16 pessoas nesta terça-feira (3) por suposta participação no ataque próximo a uma sinagoga que matou ao menos quatro pessoas e feriu outras 14 em Viena. De acordo com a imprensa local, as forças de segurança continuam a buscar possíveis cúmplices do atentado, classificado pelo governo como um ato terrorista islâmico. O atentado foi reivindicado pelo Estado Islâmico.
Em uma entrevista coletiva, o ministro do Interior, Karl Nehammer, voltou a fazer um apelo para que os moradores da capital evitem sair de casa. O chanceler Sebastian Kurz, por sua vez, prometeu em pronunciamento televisivo “caçar os responsáveis e aqueles que o apoiaram”:
“O ataque de ontem foi claramente um ataque terrorista islâmico”, disse Kurz. “Esse não é um conflito entre cristãos e muçulmanos, ou entre austríacos e imigrantes. Não, é uma luta entre muitas pessoas que acreditam na paz e as poucas que se opõe. É uma luta entre civilização e barbárie.
A polícia matou a tiros um dos responsáveis pelo ataque, um homem que usava um cinto com explosivos que, posteriormente, provaram-se falsos. As autoridades confirmaram a morte de um casal de idosos, um pedestre que passava pelo local e uma garçonete que trabalhava em um dos restaurantes na região. Segundo o chanceler, vários dos 14 feridos estão em estado grave.
Nehammer, por sua vez, confirmou que o suspeito abatido foi identificado como Kutjim Fejzulai, de 20 anos, nascido na Áustria, filho de pais de etnia albanesa naturais da Macedônia do Norte. Em abril de 2019, ele havia sido condenado a 22 meses de prisão por tentar viajar para a Síria para se juntar ao Estado Islâmico. Devido à pouca idade, foi solto em dezembro.
De acordo com o ministro, Fejzulai compartilhou em seu Instagram, antes do ataque, uma foto em que aparece com duas armas que supostamente teria usado durante o crime. O grupo terrorista reivindicou a autoria do atentado, atribuindo-o a “um soldado do califado”.
Detidos na Suíça
Duas prisões adicionais confirmadas nesta terça ocorreram na cidade de St. Poelten e, de acordo com o site de notícias The Kurier, operações foram realizadas em ao menos duas propriedades. Um terceiro homem foi preso na cidade de Linz, além de dois jovens suíços, de 18 e 24 anos, em Winterthur, perto de Zurique, no Norte da Suíça.
O número de detidos mais tarde foi atualizado para 16. Segundo a polícia, há ao menos mil agentes envolvidos nas buscas.
O ataque de segunda (2), último dia antes do toque de recolher nacional imposto para tentar conter a segunda onda de covid-19, teve como alvo seis pontos na região central de Viena, começando pela sinagoga, que estava fechada. A polícia isolou boa parte do centro histórico da cidade e muitas pessoas buscaram abrigo em bares e hotéis, já que os transportes públicos foram paralisados.
De acordo com Oskar Deutsch, presidente da comunidade judaica de Viena, que tem escritórios adjacentes à sinagoga, ainda não está claro se o espaço religioso ou suas instalações adjacentes eram alvos propositais. Nas redes sociais, circulam vídeos de um homem armado correndo por ruas com calçamento de pedras. Outra gravação mostra disparos contra uma pessoa em um bar.
Pelo mundo, líderes deram seus votos de solidariedade e prestaram apoio ao povo austríaco. A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que o “terrorismo islâmico é nosso inimigo comum” e que o seu combate também deve ser coletivo. Já o presidente Donald Trump disse que “suas orações estão com o povo de Viena após mais um ato vil de terrorismo na Europa”.
“Esses ataques contra pessoas inocentes devem parar. Os Estados Unidos estão juntos da Áustria, da França e de toda a Europa em sua luta contra terroristas, incluindo terroristas radicais islâmicos”, afirmou o presidente.
Trump referia-se aos ataques em território francês nas últimas semanas — a decapitação do professor Samuel Paty em Paris e o atentado na Basílica de Notre-Dame, em Nice, que matou três pessoas, entre elas uma brasileira. Nesta terça, a polícia francesa confirmou a prisão de mais quatro pessoas por suposta conexão com o crime.
