A senadora e presidente do PT Gleisi Hoffmann, juntamente com um representante do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), disse aos militantes que, como eles, também gostaria de impedir prisão de Lula, mas que houve uma negociação com a PF (Polícia Federal) e que o combinado seria de que ele se entregasse em meia hora. A saída do ex-presidente da sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, em São Bernardo do Campo (SP), por volta das 17h, foi impedida por militantes. Ele chegou a entrar em um carro, mas o bloqueio dos manifestantes fez com que ele voltasse para dentro do prédio.
João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST, informou os manifestantes sobre a necessidade de liberar a área para a saída de Lula.
“Se tomamos a decisão de permanecer aqui, vamos passar por outro problema, o secretário de segurança afirmou que a tropa de choque está vindo para cá”, disse João Paulo Rodrigues.
O presidente do PT paulista e pré-candidato ao governo estadual, Luiz Marinho, também falou para o público: “Lula livre vale a luta e vamos lutar muito”, afirmou.
“Tem uma questão fundamental no processo que é garantir as condições do presidente Lula. Prestem atenção numa coisa. Os advogados, com aquela fala que Lula proferiu, combinaram para que não houvesse uma foto que não queremos, nem carro escrito Polícia Federal. Só se fizermos o que combinamos”, alertou Marinho
“Quem aqui não deseja que o ex-presidente seja candidato? Portanto, companheiras e companheiros, quem deseja que o companheiro Lula seja candidato a presidente da República, colabore conosco e permita que a gente encaminhe a coisa com segurança jurídica”, disse o pré-candidato ao governo estadual, Luiz Marinho.
Discurso
Após discursar por 55 minutos mais cedo, entre meio-dia e 13h, depois da missa em memória de Marisa Letícia, o ex-presidente Lula afirmou que iria se entregar à PF.
“Eu vou provar a minha inocência. Façam o que quiser, os poderosos podem matar uma, duas ou cem rosas. Mas jamais conseguirão deter a chegada da primavera. Vou chegar ao delegado e dizer que estou à disposição. A história vai provar que quem cometeu o crime foi o delegado, o juiz que me acusou e o Ministério Público. Eu sairei dessa mais forte e mais inocente”, garantiu o ex-presidente. O discurso de Lula terminou pouco antes das 13h.
Lula foi condenado pelo juiz Sérgio Moro no caso do triplex de Guarujá em julho de 2017. Em janeiro, os juízes do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) confirmaram a condenação e votaram por aumentar a pena do petista para 12 anos e um mês de prisão.
Chegada em Curitiba
Com a expectativa da chegada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a PM (Polícia Militar) do Paraná organiza áreas específicas para manifestantes favoráveis e contrários ao ex-presidente em frente ao prédio da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Os dois grupos ficarão separados por um espaço de 30 metros, entre eles haverá ainda uma barreira de policiais e carros da corporação para assegurar que manifestantes não se encontrem.
O comandante do Batalhão de Polícia de Trânsito, tenente-coronel Polak, explicou que os apoiadores de Lula ficarão próximas ao portão de acesso à Superintendência. Já os opositores deverão se concentrar do outro lado do prédio.
Segundo o comandante, a medida serve para evitar confrontos e permitir que possam se manifestar. “Tudo isso é para que eles não se misturem, não fiquem se degladiando, porque não é isso que nós queremos. A democracia diz que todos nós temos a liberdade de expressão”, disse. O militar não revelou o número de policiais que devem trabalhar na operação por questões de segurança.
A determinação foi negociada com grupos a favor de Lula que se encontram no local desde a manhã. A PM evitou dar uma estimativa de manifestantes no local. O comandante informou também que assim que grupos contrários ao petista chegarem na Superintendência serão encaminhados para o local destinado a eles.
