Mesmo com a crise do novo coronavírus, o número de imóveis financiados deu um salto de 42% de janeiro a agosto, segundo dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). Apesar da queda na renda da população, a redução da taxa de juros está ajudando quem já estava se planejando em fazer a compra da casa própria.
A redução da taxa básica de juros para 2% ao ano levou a uma queda de 0,59 pontos percentuais nas taxas mínimas médias cobradas no financiamento habitacional nos cinco grandes bancos. Hoje a taxa mínima atrelada a TR dos bancos está, em média, em 6,7% ao ano — uma redução de 8% em relação a taxa de agosto. A possibilidade do financiamento atrelado ao IPCA também reduziu as taxas de juros efetivas nesse momento.
Para Cláudio Hermolin, presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ), a redução nas taxas de juros está impulsionando o setor:
“Estamos vendo uma retomada do setor agora no terceiro trimestre. As taxas de juros mais baixas, e assim, a redução do custo de crédito habitacional, tem sido um alavancador importante.”
Confira os juros atuais dos bancos:
Banco do Brasil
Operações indexadas a TR (taxas a partir de 6,39% ao ano ) e IPCA (taxas a partir de 3,45% ao ano). Taxas variam conforme perfil do cliente, prazo do financiamento e relacionamento com o BB;
Caixa
A partir de 6,5% ao ano, na modalidade indexada pela TR; 2,95% ao ano na modalidade indexada ao IPCA e 8% ao ano na modalidade pré-fixada.
Itaú
A partir de 6,9% ao ano + TR (para todos novos contratos feitos nesta modalidade).
A partir de 5,39% ao ano (valores atuais na nova linha que usa o rendimento da poupança como indexador.
Santander
A partir de 6,99% ao ano + TRc.
IGP-M
Com a alta do dólar e valorização das commodities, o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), usado no reajuste de contratos de aluguel em todo o País, atingiu a maior taxa na variação em 12 meses dos últimos 17 anos.
Em setembro de 2003, o índice foi de 21,42%. No mês passado, chegou a 17,94%.
Na comparação mensal, o indicador teve alta de 4,34% em setembro, contra um avanço de 2,74% em agosto, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV).
Esse salto histórico afeta diretamente famílias que moram de aluguel. Mas é possível negociar uma redução no valor da locação após 30 meses de contrato ou no percentual de reajuste, principalmente locatários que perderam o emprego ou parte da renda por conta da crise.
Dicas para negociar o aluguel:
– Compare o valor do seu aluguel com o de imóveis vizinhos;
– Reúna documentos que comprovem sua redução de renda;
– Reforce que você é um bom pagador e cuida do imóvel;
– Converse com a imobiliária sobre descontos para pagamento adiantado;
– Apresente outros indexadores para reajuste do aluguel ao proprietário;
– Sugira um valor de aluguel justo que possa pagar em dia;
– Mostre como pretende pagar o aluguel proposto em dia por, pelo menos, um ano.
Segundo Adriano Sartori, vice-presidente de gestão patrimonial e locação do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), quem teve o orçamento familiar afetado pela crise pode levar documentos que comprovem o prejuízo financeiro, como holerites e notas fiscais. “Não há formato definido para negociação. Locador e locatário podem chegar a um acordo que seja vantajoso para ambas as partes”, explicou.
É bom lembrar que a crise econômica, em geral, afeta tanto inquilino quanto locatário. Ou seja, bons pagadores costumam ser valorizados por proprietários, que preferem negociar o valor do aluguel do que ficar com o imóvel parado e pagar condomínio e IPTU.
