A União Europeia vai acelerar as aprovações de vacinas contra o coronavírus adaptadas para combater mutações do coronavírus, disse a comissária de Saúde do bloco, Stella Kyriakides. “Decidimos que uma vacina que for melhorada pelo fabricante com base na vacina anterior para combater novas mutações não precisa mais passar por todo o processo de aprovação. Portanto, será mais rápido ter vacinas adequadas disponíveis sem comprometer a segurança”, disse ela ao jornal alemão Augsburger Allgemeine.
Algumas mutações do coronavírus preocupam pela possibilidade de aumentar a capacidade de transmissão e afetar a eficácia dos imunizantes. Cientistas do governo britânico afirmaram no sábado (13) que a variante B.1.1.7, descoberta no Reino Unido, é provavelmente mais mortal do que o vírus original.
A África do Sul, onde a variante 501Y.V2 é atualmente predominante, interrompeu a vacinação com o imunizante da AstraZeneca depois que um ensaio feito com poucas pessoas revelou proteção de apenas 10% contra casos leves a moderados causados pela variante. Já no Brasil, uma variante identificada no Amazonas tem sido associada à alta de casos da Covid-19 em Manaus, que levou ao colapso do sistema de saúde na cidade.
A Comissão Europeia tem sido criticada por países membros da UE devido aos atrasos nas entregas de vacinas, o que fez o bloco ficar para trás em relação a países como a Grã-Bretanha, um ex-membro, e os Estados Unidos.
Kyriakides é membro de uma nova força-tarefa, liderada pelo Comissário da Indústria Thierry Breton, para eliminar gargalos nas fábricas e ajustar a adaptação a novas variantes.
Embora as vacinações no primeiro trimestre de 2021 tenham começado lentamente, o segundo trimestre experimentará uma aceleração e até o final de setembro a UE espera ter recebido doses suficientes de produtores licenciados para cobrir mais de 70% de sua população, disse Kyriakides.
São Paulo
A variante de Manaus do coronavírus já circula na cidade de São Paulo, informou a Prefeitura no sábado (13). A nova cepa foi identificada em um morador da capital que não esteve no Amazonas. O paciente apresentou sintomas leves de síndrome gripal e não precisou de internação.
A Secretaria Municipal da Saúde alertou a população sobre a maior transmissibilidade dessa variante e recomendou a busca imediata do Serviço de Saúde do município de São Paulo em caso de qualquer sintoma da doença – tosse, febre, dor de cabeça, entre outros.
A detecção do caso positivo ocorreu dia 12 de fevereiro. O exame foi realizado pelo Instituto de Medicina Tropical, da Universidade de São Paulo, segundo a secretaria. Os cuidados com pacientes contaminados pela nova cepa são os mesmos da Covid-19.
A imunologista Ester Sabino, professora da Faculdade de Medicina e do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP), diz ser possível que a variante comece a crescer de forma acelerada na cidade de São Paulo, assim como ocorreu em Manaus.
“ São Paulo recebe a maioria dos voos de Manaus. Os casos da variante começaram em dezembro, então já estamos recebendo possíveis pessoas infectadas há dois meses”, diz Sabino. “O início de uma epidemia é mais lento, demora até que a gente comece a detectar a transmissão local. Depende de as pessoas chegarem infectadas e dessas pessoas transmitirem”.
Sabino, que no começo da pandemia participou do sequenciamento do coronavírus no Brasil, afirmou que a variante identificada em Manaus no começo do ano, chamada de P.1, tem potencial para infectar pessoas que já tiveram a Covid-19.