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A única forma de dividir o Ministério da Justiça é indicar Sérgio Moro ao Supremo, dizem aliados

Qualquer movimento para esvaziar agora a pasta de Moro traria enorme desgaste político ao governo. (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

Depois de Jair Bolsonaro recuar da proposta de dividir o Ministério da Justiça, interlocutores próximos do presidente avaliam que a única forma de criar a pasta da Segurança Pública é com a indicação do ministro Sérgio Moro para o Supremo Tribunal Federal.

A primeira vaga deve ficar disponível em novembro, com a aposentadoria do ministro Celso de Mello, decano da Corte. O núcleo mais próximo de Bolsonaro reconhece que qualquer movimento para esvaziar agora a pasta de Moro traria enorme desgaste político ao governo e ao próprio presidente.

Desde meados do ano passado, Bolsonaro tem sinalizado a intenção de ampliar a influência no comando da Polícia Federal. A possibilidade de tirar do Ministério da Justiça a área da Segurança Pública abriria espaço para uma mudança na direção da PF (Polícia Federal).

“Com Moro na Justiça, qualquer movimento neste sentido teria uma reação negativa até mesmo dos apoiadores do governo”, reconheceu um aliado de Bolsonaro.

As informações são do blog de Gerson Camarotti no portal G1.

Sucessão no STF

No ano passado, Bolsonaro já havia sinalizado que a primeira vaga no STF seria para o ministro André Mendonça, que comanda a Advocacia Geral da União (AGU). Naquele momento, ele afirmou que colocaria na Corte um nome “terrivelmente evangélico”.

Apesar disso, aliados avaliam que a indicação do nome de Moro poderia ser a melhor saída para dividir a pasta de Justiça. Segundo esses aliados, Moro receberia os 41 votos necessários para ter a indicação aprovada no Senado.

Como revelou o Blog mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro chegou a manifestar em conversas reservadas nos últimos meses arrependimento de ter fundido novamente as pastas da Justiça e da Segurança Pública. Ao mesmo tempo, reconheceu que seria muito difícil fazer essa separação agora.

Por isso, o encontro com secretários estaduais da Segurança Pública, na última quarta-feira (22), foi visto como uma espécie de “balão de ensaio” de Bolsonaro para colocar o tema na pauta. Diante da ampla repercussão negativa, o presidente da República retirou o tema do noticiário assim que chegou na Índia.

Uma segunda vaga será aberta em julho de 2021, quando o ministro Marco Aurélio também se aposenta.

Se Moro aceitar uma indicação ao Supremo e seu nome for aprovado pelo Senado, ele abriria mão de uma candidatura presidencial em 2022 — não faria sentido entrar na Corte para renunciar meses depois e disputar a eleição.

“No horizonte de Moro, há várias possibilidades e uma delas é a de uma vaga no STF, mas isso vai depender das condições no momento em que a vaga abrir e precisa ser negociado com o Senado”, nota o professor da UFPE Antonio Lavareda.

“Isso é um movimento disponível para o presidente Bolsonaro e para Sérgio Moro. Num determinado momento, mais adiante, pode até ser um movimento de confluência de interesse dos dois”, ressalta o docente.

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