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“Abin paralela” espionou Alexandre de Moraes no dia da prisão de Fabrício Queiroz

Para a PF, as mensagens revelam uma "verdadeira ação de contrainteligência" articulada para dar a Bolsonaro algum trunfo contra Moraes. (Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE)

A Polícia Federal (PF) identificou mensagens que apontam que a chamada “Abin paralela” espionou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e elaborou um dossiê com o objetivo de ser utilizado pelo então presidente Jair Bolsonaro em sua tradicional live semanal. O material teria sido preparado para ser divulgado no mesmo dia em que a Polícia Civil (PC) de São Paulo prendeu Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente na casa do advogado da família presidencial, em Atibaia (SP).

Segundo relatório da PF, os investigados envolvidos no esquema ilegal montaram o dossiê para tentar associar Alexandre de Moraes ao delegado Osvaldo Nico Gonçalves, responsável pela prisão de Queiroz. “Os investigados construíram dossiê com o fito de relacionar o ministro do Supremo ao delegado de Polícia Civil de São Paulo Osvaldo Nico Gonçalves, no dia 18/06/2020, dia em que Fabrício José Carlos Queiroz foi preso pelo delegado na residência do advogado de Jair Bolsonaro”, afirma a PF.

A prisão de Queiroz causou forte reação no Palácio do Planalto. Bolsonaro usou sua live semanal para sair em defesa do ex-assessor e criticou duramente a operação. “A prisão foi ‘espetaculosa’”, declarou o então presidente, de acordo com trecho citado no relatório da PF.

Para os investigadores, as mensagens obtidas revelam uma “verdadeira ação de contrainteligência” conduzida pela estrutura paralela da Agência Brasileira de Inteligência. O objetivo seria produzir material comprometedor contra Moraes, oferecendo a Bolsonaro uma suposta munição política.

“O dossiê produto da ação ilícita foi encontrado em dispositivo de armazenamento com o nome: ‘Alexandre x Nico.docx’, com metadado de criação de 18/06/2020, data da interlocução dos investigados. O dossiê produto da estrutura paralela apresenta fotos do Exmo. Ministro Alexandre de Moraes para tentar vinculá-lo ao delegado Osvaldo Nico Gonçalves”, detalha a PF.

Ainda segundo o relatório, os agentes da chamada “Abin paralela” tentaram, sem sucesso, descobrir o número real de telefone de Moraes, realizando buscas sobre homônimos do ministro. Um dos agentes envolvidos nessas pesquisas acabou sendo enviado para a Europa e, posteriormente, desapareceu. De acordo com os investigadores, ele abandonou completamente a função de agente secreto, sumindo no exterior e rompendo laços com a operação clandestina. (Com informações da revista Veja)

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