O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quarta-feira (06), que se sente indignado com a Operação Lava-Jato. Em entrevista em Campos, no Rio de Janeiro, Lula afirmou que a Lava-Jato produz prejuízos ao trabalhador ao punir empresas, em vez da pessoa física.
Questionado se não teria dito isso ao juiz Sérgio Moro, Lula respondeu que sim. “Acho que o Moro é surdo. Não ouve o que eu falo”, afirmou. Ao falar que existe uma campanha para impedir sua volta à Presidência, Lula negou que o juiz seja seu idealizador. “Moro é o instrumento”, afirmou o petista. “Tenho indignação com o comportamento da Lava-Jato.”
O ex-presidente realiza a sua terceira caravana neste ano. Desta vez, pelos Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. A viagem é considerada a etapa mais difícil de suas viagens pelo Brasil em 2017.
Na segunda-feira (04), Lula realizou um ato em Vitória (ES) e chamou de bobagem a suposição de que pode não ser candidato na corrida presidencial em 2018. Na terça-feira (05), manifestantes protestaram contra o ex-presidente nas escadarias da Câmara de Vereadores de Campos, diante da praça onde Lula deu início à visita ao Estado do Rio.
Desafios
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o governo de Michel Temer pelo “desmonte dos direitos sociais” da população brasileira. Lula estava acompanhado do senador Lindbergh Farias, líder do PT no Senado, e do coordenador da FUP, José Maria Rangel.
Lula disse que nem que Temer desfrutasse de altíssima popularidade perante o povo poderia estar fazendo o que faz. “Você não pode ter um presidente da República governando para meia dúzia de pessoas. Nenhum presidente que tivesse sido eleito com 99% dos votos teria a desfaçatez para fazer isso que o Temer está fazendo. Ele está entregando para o golpe algo com que o povo jamais concordaria”, afirmou.
Ele também criticou a condução da economia pelo governo e o reflexo da Operação Lava-Jato na eliminação de milhares de empregos no País. “Você não pode matar quem gera emprego, a indústria naval, a indústria de engenharia nacional. Quem assume a responsabilidade por milhares de pais de família que não sabiam que o patrão estava roubando e foram mandados embora porque o patrão roubou?”, questionou.
Na entrevista, Lula desafiou seus adversários em uma eventual campanha eleitoral. “Se quiserem que eu não vença as eleições, que tenham coragem de se juntar e apresentar um candidato para concorrer. Esse País não aceita que cortador de cana possa virar advogado ou diplomata. Eu já perdi três eleições, voltei tranquilo pra casa, não xinguei ninguém, não fiz passeata, não tentei anular as eleições como fez o Aécio e nem plantei ódio no país. Se eu for derrotado nas urnas, voltarei pra casa pra lamber minhas feridas”, disse o ex-presidente.
