Na semana passada, foi comemorado o Dia Nacional do Ciclista. Mas tudo indica que quem gosta de dar suas voltas em uma magrela não tem tantos motivos para celebrar: a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) divulgou dados sobre o aumento de acidentes graves com bicicletas no Brasil.
Segundo a entidade, os atendimentos médicos envolvendo ciclistas cresceram 30% nos primeiros cinco meses de 2021 se comparado ao mesmo período do ano anterior. O estudo se baseia em informações oficiais do Datasus, departamento de informática do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Esses dados demonstram a importância de termos atenção e iniciativas focadas nesse público. O uso da bicicleta cresceu no Brasil e exige uma abordagem de prevenção ao sinistro”, afirma Antonio Meira Júnior, presidente da Abramet.
O mapeamento foi dividido por região, Estado e município. Em alguns lugares o crescimento do número de acidentes foi espantoso, como em Goiás, que registrou aumento de 240% neste ano em relação a 2020, com 406 casos a mais. Rondônia (+113%) e Sergipe (+100%) também se destacaram na incidência de sinistros graves.
Políticas públicas
A Abramet revela que esses dados servirão de base para propostas de ações e procedimentos que aprimorem o atendimento de ciclistas, além de reforçar políticas públicas que os protejam.
“A superioridade numérica dos acidentes envolvendo pedestres e motociclistas fez com que os ciclistas fossem negligenciados enquanto objeto de políticas de prevenção. Percorrem ruas e estradas, partilhando espaço com veículos pesados e, muitas vezes, sequer sendo percebidos”, diz Flavio Adura, diretor científico da Abramet.
Mercado
O mercado brasileiro de bicicletas durante a pandemia vive uma contradição: aquecido, em meio a uma grande crise econômica, mas desabastecido. Este ano, o governo federal publicou no Diário Oficial da União a redução da alíquota de importação de bicicletas. Desde 2011, as bicicletas estavam com imposto de importação elevado à taxa máxima permitida pela Organização Mundial do Comércio (OMC), 35%.
A diminuição foi progressiva: em março passou para 30%, em julho caiu para 25% e, em dezembro será de 20% — a alíquota base antes do veículo entrar na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (Letec).
“São dez anos de um instrumento que deveria ser temporário e que não produziu efeito de incentivar a produção nacional. Não faz sentido manter essa alíquota que é superior a itens como bebida alcoólica, por exemplo”, explica o diretor-executivo da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas, Daniel Guth.
A associação participa de estudos e iniciativas junto ao Ministério da Economia para baratear o veículo, como a equiparação do Imposto sobre os Produtos Industrializados (IPI) das bicicletas elétricas com as bicicletas mecânicas convencionais, além da exclusão das bikes da Letec.