As ações do Banco do Brasil estão em queda nesta quinta-feira (21), tendo como pano de fundo a notícia de que o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), teve um cartão de bandeira americana bloqueado por causa das sanções financeiras impostas pelo governo dos Estados Unidos.
A queda de 0,86% levou o valor de cada papel para R$ 19,69. O Ibovespa também fechou em queda, a 0,11%, a 134.510 pontos.
O bloqueio do cartão de bandeira americana deriva das sanções da Lei Magnitsky, da qual Moraes foi alvo no mês passado. Em troca, o banco ofereceu a Moraes um cartão da bandeira Elo, brasileira, para que ele pudesse fazer pagamentos no país sem as restrições impostas pela gestão Donald Trump.
Ainda não está claro como o bloqueio pode afetar o Banco do Brasil perante ao Supremo.
Sanções de Trump
O bloqueio do cartão de Moraes é a medida de maior impacto conhecida até o momento contra o ministro como consequência da inclusão de seu nome na lista de punidos na Lei Magnitsky.
A norma impõe sanções financeiras, como congelamento de bens e proibição de negócios com cidadãos e empresas americanas, a estrangeiros acusados de corrupção ou graves violações de direitos humanos.
O movimento no mercado financeiro “foi apimentado pela notícia do cartão”, diz Marco Noernberg, sócio da Manchester Investimentos, mas se soma ao histórico recente do Banco do Brasil e à divulgação do balanço corporativo do segundo trimestre na semana passada.
O banco estatal reportou que o lucro líquido ajustado foi de R$ 3,8 bilhões durante o trimestre -60% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado. O resultado criou uma “pressão vendedora” sobre os papéis da companhia, diz Noernberg.
Para Luis Miguel Santacreu, analista de bancos da Austin Rating, os pormenores do balanço também pioram a avaliação de longo prazo do BB. Ele cita o aumento da inadimplência e os dados do setor agrícola, que passa por uma onda de recuperações judiciais após um revés na safra de grãos passada.
Sob estresse
Uma “série de pequenas notícias” também estão impactando a performance do banco, afirma o sócio da Manchester, como a não antecipação de dividendos e o possível processo da Ordem de Advogados do Brasil (OAB) contra a presidente da instituição, Tarciana Medeiros.
O setor bancário está sob estresse desde o início da semana, quando o ministro Flávio Dino, também do STF, decidiu que ordens judiciais e executivas de governos estrangeiros só têm validade no país se confirmadas pelo Supremo.
Embora a decisão esteja vinculada a uma ação sobre o rompimento da barragem de Mariana (MG) e não diga respeito diretamente à disputa entre Brasil e Estados Unidos, Dino sinalizou que instituições financeiras brasileiras podem ser penalizadas caso descumpram a jurisdição da Corte.
Juntos, os bancos perderam mais de R$ 41,3 bilhões em valor de mercado na terça-feira, na esteira da decisão. As informações são da Folha de S. Paulo e O Tempo