Os credores da Grécia fizeram seu mais severo alerta a Atenas desde o começo do impasse, há cinco meses, sobre o pacote de resgate de € 172 bilhões, que está para vencer. O FMI retirou sua equipe de negociação de Atenas e os líderes europeus declararam que o momento do compromisso passou.
A linguagem agressiva usada em público reflete os temores crescentes, em foro privado, de que o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, tenha superestimado o tempo que resta para fechar um acordo que resulte na liberação da parcela final de € 7,2 bilhões de verbas de resgate.
Em uma série de reuniões em Bruxelas, foi dito a Tsipras que é preciso decidir rapidamente se o governo aceitará mais reformas econômicas ou optará por um calote.
“Precisamos de decisões e não de negociações, agora. Em minha opinião, o governo grego precisa ser, acredito, um pouquinho mais realista”, disse Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, que participou de uma reunião privada com Tsipras nessa quarta-feira.
“Não há mais tempo para apostas. Temo que esteja chegando o dia em que alguém dirá que o jogo acabou.”
O FMI foi igualmente direto. Anunciou que seus principais negociadores haviam retornado a Washington, e mencionou a falta de progresso nas negociações.
“Havia grandes divergências entre nós [credores e Grécia] em relação à maioria das áreas importantes”, disse Gerry Rice, porta-voz do FMI. “Não houve progresso para estreitar essas diferenças, recentemente.”
Reformas previdência e tributária foram alguns dos pontos discutidos e em que as duas partes permanecem distantes de um acordo.
Funcionários acreditam que, se não surgir acordo até a semana que vem, os legislativos da Grécia e dos demais países da zona do euro não terão prazo para aprovar leis que autorizem o acesso de Atenas às verbas de resgate antes do vencimento de duas grandes dívidas.
Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, se reuniu com Tsipras nessa quinta-feira, um encontro que um importante funcionário da União Europeia caracterizou como esforço final para conseguir que o grego aceitasse um acordo.
“Se o processo estivesse funcionando como deveria, o presidente não precisaria ter se reunido com Tsipras hoje”, disse o funcionário.
O governo alemão vem nos últimos dias enviando sinais em foro privado de que é hora de encerrar as negociações e adotar uma abordagem mais linha dura, de “é pegar ou largar”. “A única resposta que esperamos dos gregos é que digam ‘sim'”, disse um funcionário da zona do euro. (