Um estudo coordenado pelo professor Vitor Engracia Valenti, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Marília (SP), apontou os benefícios do exercício físico na saúde das mulheres no período pós-menopausa.
A pesquisa que contou com a colaboração de instituições públicas e privadas de Marília e da Oxford Brookes University, da Inglaterra, começou em 2023 e os resultados foram reconhecidos e publicados em agosto deste ano, na revista científica europeia Maturitas, que é o jornal oficial da Sociedade Europeia de Menopausa e Andropausa (EMAS) e também afiliada à Sociedade Australiana de Menopausa.
O objetivo da pesquisa foi verificar o efeito de diferentes tipos de exercícios físicos na saúde das mulheres após a menopausa, um período caracterizado pela redução dos hormônios, aumento da sensação de calor, mudanças de humor e de maior predisposição a hipertensão.
Os dados foram coletados a partir de ensaios clínicos realizados em diferentes partes do mundo. Valenti destacou que os benefícios foram observados após 12 semanas de prática, com uma frequência média de três vezes por semana e com supervisão de um profissional. Ele também explica quais atividades físicas mostraram melhores resultados.
“Os exercícios que nós observamos que tiveram impactos mais intensos e positivos na saúde da mulher pós-menopausa foram os exercícios aeróbicos, como uma caminhada ou corrida leve, exercícios de musculação, de pilates e também os aquáticos”, explicou o pesquisador.
Mulheres que estão na fase da menopausa reforçaram o impacto do exercício físico na saúde e bem-estar nesse período. A administradora Luciana Ventola está na menopausa há seis anos, ela começou a sentir os primeiros sintomas aos 43 anos e, desde então, intensificou sua rotina de exercícios. Hoje, pratica musculação três vezes por semana e considera a atividade física uma prioridade.
“Melhorei o sono, o humor e me sinto mais forte fisicamente. O exercício se tornou prioridade e essencial para minha qualidade de vida”, conta a administradora.
A menopausa também chegou para Aparecida de Fátima aos 43 anos. Hoje, aos 65, ela pratica pilates e hidroginástica há mais de cinco anos e afirma que a atividade física foi fundamental para melhorar sua saúde e vida social. Desde que adotou uma rotina mais ativa, se sente mais disposta, feliz e não pensa em parar.
“O exercício foi fundamental para mim, é maravilhoso. Indico muito para as mulheres que estão se aproximando da menopausa: foquem nos exercícios, porque eu sou prova viva do bem que faz”, afirma a aposentada.
Para o professor Valenti, o reconhecimento da pesquisa é um importante passo para entender e promover a saúde das mulheres na pós-menopausa, reforçando a necessidade uma vida ativa e hábitos saudáveis para o bem-estar e a qualidade de vida.
O médico do esporte e nutrólogo Thiago Viana reforça a importância de aliar o exercício à alimentação balanceada e à qualidade do sono já durante o climatério, a fase de transição que leva à menopausa, quando os ovários reduzem gradualmente a produção de estrogênio e progesterona.
“Estratégias que unem nutrição adequada, exercícios, principalmente musculação e aeróbicos combinados. E, em alguns casos, suplementação ou medicamentos, podem trazer excelentes resultados”, destaca o médico.
Thiago recomenda o cuidado com esses três pilares:
– Alimentação balanceada: consumo de proteínas adequadas, fibras, vegetais e menor de ultra processados;
– Exercício físico regular: especialmente treino de força para preservar massa muscular;
– Sono de qualidade e manejo do estresse: ambos influenciam hormônios como o cortisol, que impacta diretamente no peso.
O médico também explica que apesar dos sintomas do climatério e da menopausa afetarem o metabolismo, deixando o mais lento, essas fazes não devem ser vistas “como uma sentença de ganho de peso e perda de saúde”. Por isso outras dicas importantes são:
– Consultas regulares para checar saúde óssea, cardiovascular e metabólica;
– Apoio psicológico, já que essa fase muitas vezes traz impacto emocional;
– Hábitos saudáveis adotados nesse período ajudam a aumentar expectativa e qualidade de vida.
