A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) decretou a liquidação extrajudicial da Golden Cross (Vision Med Assistência Médica). A decisão foi aprovada em reunião da diretoria colegiada do órgão regulador realizada na segunda-feira.
Em paralelo, ficou decidido na reunião que os beneficiários que ainda seguem na Golden Cross terão mais 60 dias, a contar dessa terça-feira, para fazerem a portabilidade especial de carências para plano de saúde de outra operadora. Até o último dia 7 de maio, 53 mil usuários de planos coletivos empresariais seguiam em planos da Golden Cross.
De acordo com a decisão, publicada no Diário Oficial da União (DOU) dessa terça-feira, a operadora de saúde foi liquidada por apresentar “anormalidades econômico-financeiras e administrativas graves que colocam em risco a continuidade ou a qualidade do atendimento à saúde dos beneficiários”.
A agência deverá nomear um liquidante para cuidar do processo de finalização das atividades da operadora de saúde. Isso vai levar à perda de mandato dos administradores e membros do Conselho Fiscal e de quaisquer outros órgãos criados pelo estatuto da operadora.
Em reunião da Câmara de Saúde Suplementar, realizada na semana passada, o diretor de Normas e Habilitação de Operadoras do órgão regulador, Jorge Aquino, já havia afirmado que a Golden Cross não tinha mais condições de seguir operando e que representava um risco para a cadeia de fornecedores da saúde.
Em meados do ano passado, a Golden Cross assinou um acordo de compartilhamento de risco com a Amil, que passou a cuidar do atendimento aos beneficiários da operadora de saúde, todos participantes de planos coletivos
Operadora já foi a maior do País
A Golden Cross é a mais antiga operadora de saúde do país, tendo sido fundada em 1971. Em menos de 15 anos de operação, subiu ao posto de maior empresa do setor do Brasil.
Na década de 1990, porém, a operadora mergulhou em profunda dificuldade financeira, tendo sido alvo de acusações de sonegação fiscal e venda irregular de planos de saúde. Até que em 1998, protagonizou o que Aquino, da ANS, classificou como a maior crise de assistência em saúde privada já registrada no país, quando “colapsou completamente o atendimento” e o país “parou para atender” a operadora.
O problema foi equacionado quando, em 1997, o Banco Excel Econômico assumiu a gestão da Golden Cross em parceria com a Cigna, uma seguradora dos EUA, levando também a dívida e a carteira na época com 2,5 milhões de beneficiários.
Um par de anos depois, contudo, a Cigna deixou o país. E, no ano seguinte, o fundador da empresa, Milton Afonso, voltou à liderança do negócio em conjunto com ex-funcionários da operadora. Para que a nova unidade ficasse livre dos passivos acumulados até então, a empresa mudou a razão social para Vision Med.
Fundada em 1971 pelo advogado e empresário Milton Afonso, a Golden Cross já foi a maior operadora de planos de saúde do país em 1984. Mas nos anos 1990 a empresa foi acusada pelo Ministério Público Federal por sonegação fiscal e venda de planos de saúde por meio de uma entidade filantrópica que pertencia ao grupo. Há até hoje discussões jurídicas e envolvendo passivos tributários.
Em 2013, a Unimed-Rio adquiriu a carteira de planos de saúde individuais da Golden Cross, na época com 160 mil vidas. As informações são do jornal O Globo.