Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Brasil Ajudado por Chico Buarque e Caetano Veloso, João Gilberto vive na penúria e é obrigado a deixar seu apartamento

Compartilhe esta notícia:

Depois de dez anos sem ser visto fora de casa, João Gilberto teve de deixar à revelia o apartamento em que vivia, a 500 metros da praia do Leblon, no Rio. O cantor, que enfrentava ameaça de despejo por conta de pagamentos atrasados, foi convencido a se mudar para não correr o risco de ser constrangido a sair à força. Uma amiga do meio artístico cedeu um outro imóvel na região para acomodá-lo.

A um mês dos 87 anos, o músico vive numa situação de fragilidade física e mental, agravada pela condição de miserabilidade financeira, segundo afirmou ontem ao Estado a advogada de sua filha Bebel Gilberto, Simone Kamenetz. A penúria vem comovendo admiradores de João do meio musical. Chico Buarque, que foi seu cunhado (ele foi casado com Miúcha, mãe de Bebel), e o casal Caetano Veloso e Paula Lavigne estão mobilizados para ajudá-lo.

Desde o fim do ano passado Bebel está na Justiça para interditar o pai. Foi a forma que a cantora encontrou de tentar cuidar de sua saúde, e resguardar suas finanças – pilar da música brasileira, criador da bossa nova e cultuado por fãs do mundo todo, e apesar de ter feito um acordo milionário com o banco Opportunity em 2013, como adiantamento do valor a ser ganho por uma ação contra a gravadora EMI dois anos depois, João não tem recursos sequer para arcar com um plano de saúde, algo bastante temerário a essa altura de sua vida.

O cantor tem uma hérnia não tratada e não se submete a exames. Foi esse problema que o impediu em 2011, segundo divulgado à época, de cumprir uma turnê por cidades como Rio, São Paulo, Porto Alegre, Salvador e Brasília, na esteira de seus 80 anos. As dores que já sentia então o impediam de tocar seu violão como exigia seu conhecido perfeccionismo.

Agora, Bebel, que mora em Nova York, conseguiu que duas médicas, uma geriatra e uma psiquiatra com experiência em idosos, fossem até ele, vencendo, aos poucos, sua resistência. “Ele está doente. Temos todo o cuidado no mundo para chegar ao João e tratá-lo. Bebel está tentando que ele faça exames. Não adianta pegar à força”, ponderou a advogada da cantora. O caso corre em segredo na 5.ª Vara de Órfãos e Sucessões do Rio. O Tribunal de Justiça não divulga informações sobre o assunto, por conta do sigilo.

As dificuldades para acessar João e de persuadi-lo a atentar para sua saúde se dão porque ele, como se sabe, não sai de casa. A última vez que foi visto em público foi nos shows de 2008 que fez pelos 50 anos da bossa nova. “Bebel não quer internar o pai, e sim ver o que pode ser feito em casa. Ele não pode ficar assustado, com medo. O juiz está muito cuidadoso, por se tratar de uma pessoa idosa. Está preocupado”, afirmou Simone.

“O que antes era tido como uma excentricidade (não sair de casa) já se tornou uma condição mental. Piorou com a idade. A capacidade cognitiva dele está muito prejudicada. Ele não tem condições de administrar a própria vida”, ela considera.

Há um mês, Miúcha contou ao Estado que João se recusava a se submeter a exames. “A situação é difícil, ele é muito fechado, tem 86 anos e algumas questões de saúde. Está muito magrinho. A Bebel está tentando de tudo por ele. Todos queremos que o João se trate. Ele foge de médico como o diabo da cruz. Se a gente marcar, ele desmarca trinta vezes.”

De acordo com Miúcha, João segue morando sozinho e fazendo o que mais gosta – tocando seu violão e cantando. Para ela, sua situação não é tão dramática quanto a descrita nos jornais desde sua interdição por Bebel.

Faz um mês que a Justiça autorizou o arrombamento do apartamento no Leblon, para que João fosse citado quanto ao processo de interdição, e também para que seu estado fosse avaliado devidamente. Mas, ao entrar no imóvel, as oficiais constataram que sua condição mental o impedia de compreender o que se passava. Nesses casos, o procedimento é não realizar a citação.

Na ocasião, não houve necessidade de o apartamento ser arrombado de fato: para preservar João, uma data foi acertada previamente, e uma pessoa de sua confiança ficou no apartamento e abriu a porta para a entrada da equipe.

Há duas semanas, a advogada de Bebel leu no Estado a entrevista de João Marcelo Gilberto, primogênito de João, em que ele afirmou ter sido excluído das decisões sobre o pai. Simone negou que Bebel tenha alijado o irmão das decisões referentes ao processo de interdição. “O que João Marcelo disse não é verdade. Ele foi procurado, estivemos com o advogado dele. Ele não foi excluído, ele se excluiu. O processo tem custos que devem ser compartilhados entre os dois, e ele deu a entender que não teria interesse em patrocinar isso”, contou ela.

tags: Saúde

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

Expositores e ginetes projetam disputa acirrada no Freio de Ouro
Manifestantes protestam contra as reformas da Previdência e trabalhista em frente à Fiergs
https://www.osul.com.br/ajudado-por-chico-buarque-e-caetano-veloso-joao-gilberto-vive-na-penuria-e-e-obrigado-a-deixar-seu-apartamento/ Ajudado por Chico Buarque e Caetano Veloso, João Gilberto vive na penúria e é obrigado a deixar seu apartamento 2018-05-06
Deixe seu comentário
Pode te interessar