O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, neste sábado (21), que não utilizou a estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar adversários, como aponta a Polícia Federal. Bolsonaro ainda afirmou que “ninguém reclamou de estar sendo monitorado”. As declarações foram dadas ao deixar o hospital DF Star, em Brasília, após ser diagnosticado com uma provável pneumonia viral. O ex-presidente passou mal na última sexta-feira, em Goiás.
A Polícia Federal concluiu na última semana o relatório do inquérito da chamada Abin paralela. Bolsonaro não foi indiciado por organização criminosa por já responder pelo crime em outros casos, como o do golpe, mas corporação apontou Bolsonaro como o “centro de decisão” do grupo. Segundo as investigações, políticos, autoridades do Judiciário e jornalistas foram espionados ilegalmente pelo grupo.
“Usada para quê? Para qual finalidade eu quero saber se você está aqui hoje ou não está? Não existe isso. Teria um contato com a autoridade, ligava para o gabinete dele, se adiantava e fazia o contato sem problema nenhum. Criaram uma fantasia de que (eu estava) monitorando as pessoas. Para que eu queria saber onde tá A B ou C? Não tem cabimento Isso aí. Alguém reclamou de estar sendo monitorado? Não!”, disse.
O ex-presidente também afirmou que, o comando do Executivo não tem controle sobre as ações de inteligência “(Como presidente, você) não tem acesso, você não tem ascendência sobre inteligência no Brasil. Nem das Foras Armadas nem a da Abin nem a da PF. Ninguém”, enfatizou.
Logo após deixar o hospital, Bolsonaro publicou um vídeo em que convoca seus apoiadores para a manifestação do próximo fim de semana na Avenida Paulista. “É por liberdade, por Justiça”, diz Bolsonaro no vídeo.
Abin Paralela monitorou por engano homônimo de Moraes, diz PF
O esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro monitorou, por engano, um homônimo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
A conclusão consta no relatório final das investigações do caso “Abin Paralela”, no qual a Polícia Federal (PF) indiciou cerca de 30 investigados, entre eles, o filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro. O sigilo do documento foi retirado ontem (18) por Moraes, que é relator da investigação.
Segundo a PF, Bolsonaro e Carlos fizeram parte uma organização criminosa para comandar a realização de ações de espionagem clandestina de opositores.
O ex-presidente não foi indiciado porque responde às acusações sobre o uso clandestino da Abin na ação penal da trama golpista, que tramita no STF.
Erro
De acordo com o relatório, o agente de inteligência Thiago Gomes Quinalia fez três pesquisas pelo nome de Alexandre de Moraes Soares por meio do sistema de monitoramento Firstmile. A procura foi feita no dia 19 de maio de 2019.
Na avaliação dos investigadores da PF, a busca por um homônimo do ministro foi um erro cometido pelo esquema.
“A utilização de sistemas ilegítimos de consulta, como demonstrado acima, resultava, por vezes, em números de terminais telefônicos erroneamente associados a alvos. A pesquisa no sistema First Mile por homônimo é erro passível de ter sido cometido”, diz o relatório. As informações são do portal Estadão e Agência Brasil.
