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Aliados do presidente Michel Temer acreditam que a crise da JBS/Friboi não deve prejudicar as votações no Congresso

Câmara dos Deputados em sessão da reforma política. (Foto: Folhapress)

Apesar de entenderem que a reviravolta na delação da JBS melhora o clima no Congresso para o presidente Michel Temer, aliados do governo acreditam que ela não é suficiente para mudar o humor da base em relação a outras propostas, como as da pauta econômica.

Para líderes da base governista, a possibilidade de revisão da delação dos irmãos Batista e de executivos da JBS abala a credibilidade dos delatores. Para eles, mesmo que a próxima denúncia contra Temer seja baseada em outra delação, a do corretor de valores Lúcio Funaro, será mais frágil.

Se apresentada nos próximos dias, a próxima denúncia será alvo de crítica por “açodamento”.

“O fato, como disse o próprio procurador-geral da República [Rodrigo Janot], é gravíssimo, revela o caráter, a conduta de alta periculosidade dos dois principais parceiros da JBS e, certamente, vai trazer impacto nessas denúncias que foram promovidas nos últimos tempos”, afirmou o ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo).

Para o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), o novo áudio da JBS pode comprometer várias delações, inclusive aquelas em que ele mesmo é citado.

“Existem agora dúvidas sobre várias delações, não é sobre uma delação só. O senhor [Rodrigo] Janot está falando de um caso, mas, se a gente pegar o fio da meada, vai ver que o [ex-procurador] Marcello Miller, ele organizou delação do Sergio Machado, [Nestor] Cerveró, Delcídio [Amaral], do Joesley [Batista]”, disse o senador.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que está no exercício da Presidência da República enquanto Temer está na China, cobrou reação “dura e rápida” de Janot. “Tenho convicção que o doutor Janot vai ter uma reação muito dura contra essa irresponsabilidade que está vindo à tona nas próximas horas”, disse Maia.

Em sentido oposto ao discurso adotado por aliados de Temer, deputados de oposição dizem acreditar que o presidente da República não terá céu de brigadeiro na análise de uma possível segunda denúncia.

Eles ressaltam o desgaste político provocado pela divulgação das imagens de 15 malas abarrotadas de dinheiro que, segundo a Polícia Federal, eram usadas pelo ex-ministro de Temer Geddel Vieira Lima.

CPI

O Congresso instalou nesta terça (5) uma CPMI (Comissão Mista Parlamentar de Inquérito) que tem a JBS como alvo. O requerimento de criação da CMPI foi apresentado em maio pelo senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), mas só agora avançou.

“O objetivo não é de forma alguma alimentar um esquema de retaliação contra Joesley Batista e muito menos contra a Lava-Jato”, disse Ataídes, que foi eleito presidente da CPMI. “Como criador dessa CPMI eu não admito que alguém diga que eu tenha o cunho de retaliar nossas autoridades e nem a Lava-Jato”, completou. (Folhapress)

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