Para o professor de finanças da Universidade de Stanford Darrell Duffie, a alta dos juros nos Estados Unidos pode beneficiar o Brasil. Ele disse ser muito difícil prever o que acontecerá com as ações chinesas, por tratar-se de um mercado bastante “complexo” e “pouco transparente”. Duffie fez as afirmações durante sua participação no 7 Congresso de Mercados Financeiros da BM&FBovespa em Campos de Jordão (SP).
“O governo chinês tem um grande poder de controlar o mercado, como já tem feito, com a desvalorização do iuan [moeda chinesa]. Então, [o futuro das bolsas chinesas] não é algo que podemos prever baseados somente no comportamento dos investidores”, afirmou o professor norte-americano.
No início da semana, os principais índices de ações da China despencaram, derrubando os mercados do mundo todo e gerando preocupações sobre uma possível desaceleração da economia do país asiático. A Bolsa de Valores de São Paulo, principal índice paulista, chegou a cair mais de 6,5% na segunda-feira, mas retomou o fôlego no final da semana.
Exportações
Para o professor, a provável elevação da taxa de juros nos Estados Unidos, aguardada até o fim deste ano, apesar de prejudicar mercados emergentes como o Brasil devido a uma fuga de recursos dos investidores, por outro lado, pode beneficiar as exportações brasileiras. O Federal Reserve (banco central norte-americano) anunciou que pode elevar as taxas de juros, mantidas próximas a zero, até o fim deste ano.
China
A mudança era esperada para setembro, mas o órgão disse que isso dependerá “das condições do mercado”, de olho na turbulência causada pela China. Quando isso acontecer, espera-se uma migração de recursos de economias periféricas para os EUA, considerado um dos mercados mais seguros do mundo para se investir. “Há alguns benefícios, porque se a economia dos EUA é um motor de crescimento global e a alta dos juros indica que ela está melhorando, então haverá maior demanda por produtos manufaturados de países como o Brasil, que terá preços atrativos de seus produtos e poderá vender mais para essas economias”, afirmou Duffie.
Na opinião de Duffie, embora a alta dos juros possa causar volatilidade nos mercados emergentes, ele acredita que a oscilação é positiva para equilibrar o mercado. “Quando as ações começam a subir e descer, os investidores têm mais motivos para negociar. Mais investidores negociando, mais equilíbrio em suas posições. Quando o volume de negócios aumenta, o mercado fica mais competitivo”, diz o professor.
