Embora não estivesse explicitamente em nenhuma parte do programa de painéis e debates do Fórum Econômico Mundial, o populismo latino-americano foi um tema marcante este ano em Davos (Suíça). Diversas autoridades de países da região deram diferentes perspectivas sobre o fenômeno, mas todas elas tiveram um ponto em comum: tentar mostrar que seus respectivos países já não sofrem da crônica instabilidade político-econômica característica da história da América Latina.
No contexto dessa narrativa, a Argentina assumiu papel de protagonista. O novo presidente, Mauricio Macri, e seus principais auxiliares econômicos desfilaram por Davos em uma programação intensa, cujo objetivo principal era o de anunciar e celebrar o fim do ciclo populista no país. Federico Sturzenegger, novo presidente do Banco Central da Argentina, diz que o kirchnerismo representou “um gênero muito especial de populismo”. O economista notou que, no típico ciclo populista, o governo se endivida ao máximo, gasta tudo o que puder e deixa a conta dos problemas posteriores para os sucessores.
Na Argentina dos Kirchner, no entanto – na visão de Sturzenegger – o “ódio ao mundo” era tão forte que o país optou por cortar definitivamente todos os laços com o mercado internacional de capitais. O custo desta alternativa, para Sturzenegger, foi o de parar de crescer nos últimos anos, quando se esgotou o ciclo de commodities, e também o de recorrer ao financiamento interno, com aumento de tarifas e impostos.
(Fernando Dantas/AE)