Alguns amigos de Luciano Huck não o estão incentivando a entrar na disputa presidencial deste ano, mas argumentam que nada impede que ele esteja no páreo daqui a quatro anos, em 2022. Os mais realistas admitem, porém, que timing na política é tudo e que o momento atual, de busca do novo, é propício a ele.
A informação é da coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, que também revelou que alguns tucanos estão perdidos em busca de explicações para a atitude de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), estimular a candidatura do apresentador da rede Globo, apesar da postulação de Geraldo Alckmin (PSDB-SP). Integrantes do partido chegaram a afirmar que o ex-presidente quer chamar atenção para ser convidado a ajudar a definir os rumos da sigla.
Quem é próximo a FHC tem dado risada dessa tese. Dizem que ele acredita que chegou a hora de chacoalhar a política tradicional.
FHC e Huck conversaram em um jantar durante a semana passada, e o tucano encorajou a candidatura do aspirante à política, mas elencou uma série de questões que o apresentador deverá enfrentar caso decida entrar na disputa.
Presidente de honra do PSDB e principal incentivador da candidatura Huck desde o ano passado, FHC já havia dito antes que o apresentador tinha “estilo de peessedebista”.
Entre os pontos colocados por FHC está o fato de que uma candidatura Huck seria lida imediatamente no meio político como uma “candidatura da Globo”, o que poderia ser explorado negativamente por seus adversários.
Em conversa com amigos antes do jantar, o ex-presidente ouviu ponderações sobre a falta de experiência do apresentador para o jogo político, particularmente na negociação com partidos no Congresso Nacional, e concordou com elas.
Disputa
O namoro de FHC com Huck tem irritado aliados de Alckmin, que recebeu telefonema do ex-presidente para tentar aplacar o desconforto. FHC revelou em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre, sobre a pressão que tem sofrido de tucanos por sua movimentação.
Além de Huck, ele conversou recentemente com o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT), com o governador Paulo Hartung (MDB-ES) e com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Segundo o ex-presidente, há “incivilidade” de quem critica conversas com atores políticos de várias matizes.
Ele reiterou o que já havia dito: apoia Alckmin, que ainda vai disputar prévias com o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, como candidato do PSDB à Presidência.
Há também uma preocupação do governador em contemporizar a divergência. Primeiro, porque ela simboliza desunião em seu partido que vem marcando esse momento da corrida eleitoral. Segundo, porque ainda há estrategistas tucanos que acreditam que Huck possa vir a ser um apoiador importante da campanha do partido – ainda que não como um eventual vice, como alguns especularam, basicamente porque o apresentador descarta a hipótese por completo.
Alckmin tentou minimizar a frase de FHC sobre o estilo de Huck, dizendo que se tratava de “um elogio”. Ele também fez comentários favoráveis ao apresentador, que empatou com ele com 8% de intenções de voto na mais recente pesquisa do Datafolha, em cenário sem Luiz Inácio Lula da Silva (PT), hoje inelegível por condenação em segunda instância por corrupção.
Se o global se lançar, o PPS deverá ser sua sigla, apesar da restrição apontada pelo próprio FHC sobre a falta de musculatura do partido.
O DEM, cujas lideranças vieram a público negando apoio a Huck, já participou de conversas no sentido contrário. Neste momento de pré-campanha, negativas e assertivas fazem parte do jogo para posicionamento, não pelo seu valor de face.
Huck recebeu ultimato da Globo para decidir se irá disputar a eleição ou permanecer na empresa. A resposta virá após o Carnaval. Estrategistas do apresentador estão divididos na hora de apostar o desfecho da novela da candidatura.
Alguns acreditam que Huck vai voltar atrás de sua decisão do ano passado de não concorrer, já que há grande pressão devido às dificuldades de Alckmin nesse início de campanha.
Além disso, seu time de colaboradores, com o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga à frente, tem sido entusiasta da empreitada.
Outros creem que o ultimato da Globo fará o mesmo efeito de movimento análogo no ano passado, até porque inclui no veto a trabalhar na emissora a mulher de Huck, a também apresentadora Angélica.