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Amor sem novidade: “Uma Longa Jornada” estreia em Porto Alegre

Filme traz como um dos protagonistas Scott Eastwood, filho de Clint Eastwood

“Uma longa jornada” evidencia algumas simplificações, tanto no que se refere ao desenho dos personagens quanto a determinadas opções que atravessam a história ambientada na Carolina do Norte. O espectador acompanha o entrelaçamento das trajetórias de dois casais que existem em tempos distintos (Luke e Sophia, Ira e Ruth). Nessa estrutura, semelhanças e oposições ganham destaque, sem espaço para sutilezas.

Luke e Sophia são mocinhos de cartão-postal. Ambos se conhecem e sentem a tal sintonia à primeira vista. O problema, porém, não demora a se impor. Enquanto ele é um rapaz do mundo dos rodeios, ela conta os dias para abraçar importante oportunidade de trabalho em Nova York. Na volta de um passeio, Luke e Sophia se deparam com um acidente na estrada e resgatam o idoso Ira, que revela uma intensa história de amor, ocorrida no passado, com Ruth. Um elo que vem à tona através das cartas encontradas por Sophia no carro de Ira.

Daí em diante, o diretor George Tillman Jr. realça pontos de aproximação e afastamento entre os personagens (não só entre os que vivem na mesma época). Os homens realizam atos heroicos — Luke ao salvar Ira e este ao se arriscar no campo de batalha. As mulheres amam a arte. Já as diferentes expectativas em relação ao futuro abalam os matrimônios. E as circunstâncias do meio externo ameaçam separar os casais — além da possível partida de Sophia para Nova York, a via-crúcis de Ira no front durante a guerra.

O roteiro de Craig Bolotin (escorado no livro de Nicholas Sparks) é previsível. Não se trata da única fragilidade detectada no decorrer da projeção. Afinal, as escolhas artísticas não primam pelo refinamento. Para sinalizar o plano do passado, por exemplo, o cineasta se vale, ainda que num breve instante, de um recurso óbvio como o da imagem em preto e branco. É como se avisasse à plateia sobre a inclusão de outra esfera temporal para logo em seguida retomar as cores (fotografia de David Tattersall). A trilha sonora (de Mark Isham) soa sentimental.

Os atores principais — Scott Eastwood (como Luke), filho do renomado Clint Eastwood, e Britt Robertson (Sophia) — não imprimem presenças muito expressivas, mas cabe dizer que os personagens não oferecem maiores voos interpretativos.

Resta assistir a Alan Alda (Ira), competente em papel pouco desafiador. “Uma Longa Jornada” bate na tela como entretenimento convencional que tende a ser rapidamente esquecido. Há, com certeza, filmes melhores em cartaz.  (Daniel Schenker/AG)

Confira o trailer:

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