Ícone do site Jornal O Sul

Ao fugir do Brasil, Carla Zambelli ignorou orientações do próprio advogado

Condenada pelo STF a dez anos de prisão por comandar e financiar uma invasão ao sistema do CNJ, a parlamentar se disse vítima de uma “perseguição judicial” empreendida pelo que classificou de “ditadura” do Supremo. (Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados)

Na última terça-feira, a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) anunciou, durante uma entrevista ao vivo a um canal no YouTube, que havia deixado o Brasil.

Condenada pelo STF a dez anos de prisão por comandar e financiar uma invasão ao sistema do CNJ, a parlamentar se disse vítima de uma “perseguição judicial” empreendida pelo que classificou de “ditadura” do Supremo.

A decisão de morar fora do país, na Itália, onde, segundo ela, “é intocável”, pegou os advogados de surpresa.
O jurista Daniel Bialski havia pedido à deputada que parasse de “bater” nos ministros do Supremo, para que tivesse alguma chance de reduzir sua pena durante a análise do recurso.

O pedido de Bialski veio inclusive acompanhado de um alerta: se Carla prosseguisse com os “ataques” aos ministros do STF, não iria precisar de advogados. Afinal, ninguém conseguiria ajudá-la no Supremo. Quando soube das declarações de Zambelli ao canal, Bialski buscou assessores da parlamentar. Irritado, questionou se ela “estava de brincadeira”. Na sequência, telefonou para a deputada comunicando sua renúncia ao caso.

Na última quarta-feira (4), o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão preventiva de Zambelli, atendendo a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). A medida foi motivada pelas declarações da parlamentar, que afirmou ter viajado para os Estados Unidos e manifestado a intenção de seguir para a Itália.

O caso da arma
Após ser reeleita como a segunda deputada mais votada de São Paulo, em 2022, Zambelli foi flagrada perseguindo um homem com uma arma no bairro dos Jardins, na região central da capital paulista.

Na ocasião, havia uma determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibindo o porte de armas por caçadores, atiradores e colecionadores nas 24 horas que antecedem e sucedem o dia da votação — norma válida para o primeiro e segundo turnos das eleições. O episódio ocorreu na véspera do segundo turno.

Naquele dia, a deputada admitiu em entrevista que teria “ignorado conscientemente” a resolução do TSE.

O caso foi encaminhado ao STF, que formou maioria para condenar a parlamentar por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com uso de arma. No entanto, o julgamento foi suspenso após pedido de vista do ministro Nunes Marques. As informações são da Revista Veja e do portal CNN.

Sair da versão mobile