A deputada Carla Zambelli (PL-SP) disse nessa terça-feira (3) que deixou o Brasil e que pedirá licença do mandato. Após o anúncio, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a prisão preventiva da parlamentar e a inclusão do nome dela em lista da Interpol (a polícia internacional).
Segundo informações da TV Globo, a deputada, que disse estar na Europa, atravessou a fronteira no sul do país e seguiu rumo à capital argentina, Buenos Aires. Durante o programa Estúdio i dessa terça-feira (3), a jornalista Flávia Oliveira lembrou que a deputada repete o movimento do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro.
“Ela estaria para a Europa como Eduardo Bolsonaro está para os Estados Unidos. No entanto, o deputado, que muito recentemente foi alvo de um início de investigação, não foi indiciado, não foi denunciado e, tampouco, foi condenado”, disse a jornalista em seu comentário.
Flávia também lembrou que a deputada já deixava claro em entrevistas a possibilidade de usar problemas de saúde como motivos para reduzir pena ou pedir prisão domiciliar.
“Essa fuga teve uma alegação de que ela já estava em tratamento de saúde fora do Brasil e foi buscar o tratamento. No entanto, esse argumento se conflita com declarações também dadas em relação a exercer a liberdade política, trocar a titularidade das contas de redes sociais para o nome da mãe, para não ter a conta ou as postagens suspensas”, comentou.
Ainda durante sua fala, Flávia questionou o fato de que, apesar da condenação no STF, a deputada seguia com seu passaporte.
“Me causa espanto que, embora ela tenha sido condenada, estava com o passaporte. Essa é uma cautelar muito básica que o Supremo tem aplicado em relação a investigados. Até alguns que nem foram denunciados tiveram que entregar passaporte. Me parece que foi, não sei, uma ingenuidade, uma dificuldade, uma falta de desconfiança em relação à possibilidade de fuga”, finalizou.
Caso
O anúncio da saída do País foi feito 20 dias depois de a parlamentar ser condenada, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a 10 anos de prisão pela invasão ao sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
“Queria anunciar que estou fora do Brasil já faz alguns dias. Eu vim, a princípio, buscando tratamento médico que eu já fazia aqui e, agora, eu vou pedir para que eu possa me afastar do cargo”, afirmou a deputada em transmissão no YouTube.
A saída do País, no entanto, pode levar o Supremo a tomar alguma medida – como a imposição de novas medidas cautelares, incluindo uma nova retenção de passaporte.