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Aos 98 anos, morre o polonês que fugiu da prisão de Auschwitz em um carro dos nazistas

Na foto, a entrada do campo de concentração Auschwitz-Birkenau. (Foto: Reprodução)

O polonês Kazimierz Piechowski, um prisioneiro que fugiu do campo de concentração nazista de Auschwitz ao volante de um carro da SS, faleceu aos 98 anos em Gdansk, no Norte do país, segundo informou o Instituto Nacional de Memória IPN.

O prisioneiro nº 918, Piechowski, foi enviado ao campo nazista em 1940 com o primeiro grupo de presos políticos poloneses transferidos para o local.

Ele escapou em 20 de junho de 1942 com três outros prisioneiros, incluindo Stanislaw Jaster, a quem o deportado voluntário em Auschwitz Witold Pilecki confiou seu relatório sobre o funcionamento do campo.

O relatório foi entregue pela Resistência polonesa aos Aliados em Londres, na Inglaterra, e informava sobre as atrocidades cometidas pelos alemães nazistas nesse campo de extermínio.

Os prisioneiros conseguiram roubar uniformes de agentes da SS, rifles e um conversível Steyr 220 usado pelo comandante do campo de concentração, Rudolf Höss.

Uma vez livre, Piechowski entrou para o Exército do Interior (AK). Após a guerra, foi preso como muitos outros poloneses da Resistência ligada a Londres, e condenado a 10 anos de prisão pelo poder comunista.

A fuga foi relatada em um documentário realizado pela televisão britânica BBC em que o próprio Piechowski aparece.

Campo de concentração

Construído depois da invasão da Polônia pelos alemães, o complexo de campos de concentração de Auschwitz foi o maior dos estabelecidos durante o regime nazista. Localizado a cerca de 70 quilômetros de Cracóvia, foi o principal centro de extermínio da história, onde mais um milhão de pessoas foram assassinadas.

Atualmente é possível visitar dois campos: Auschwitz I, o campo de concentração original, e Auschwitz II (Birkenau), construído posteriormente como campo de extermínio.

Auschwitz I

Construído em 1940 para abrigar os prisioneiros políticos polacos que já não cabiam nas prisões, Auschwitz foi o campo de concentração original e o centro administrativo do complexo construído posteriormente.

Os primeiros em chegar ao campo foram os prisioneiros políticos do exército polaco, mas não demoraram em chegar os membros da resistência, intelectuais, homossexuais, ciganos e judeus.

A maioria dos judeus era enganada pelos nazistas, que vendiam casas e terrenos a eles e ofereciam chamativas vagas de trabalho para que eles levassem consigo seus bens mais valiosos. Depois de uma longa viagem, eles chegavam exaustos ao campo, onde se não eram considerados aptos para trabalhar eram assassinados, e se não trabalhavam praticamente até a morte.

Auschwitz–Birkenau

O segundo campo e o de maior tamanho que foi construído é o que a maior parte das pessoas conhece como Auschwitz. Foi construído em 1941 na região de Birkenau (a 3 quilômetros do campo principal) como parte do plano da Alemanha nazista conhecido como “Solução final”, onde se pretendia aniquilar a população judia.

O campo contava com uma extensão de 175 hectares e estava dividido em várias seções delimitadas com arames e grades eletrificadas.

Auschwitz–Birkenau não era um campo de trabalho como os demais, mas foi construído com a função de exterminar os prisioneiros que entravam nele. Para isso, foi equipado com cinco câmaras de gás e fornos crematórios, cada um deles com capacidade para 2.500 prisioneiros.

Depois de chegar ao campo nos vagões de carga de um trem em uma terrível viagem de vários dias, quando não recebiam água nem comida, os prisioneiros eram selecionados. Alguns iam diretamente para as câmaras de gás e outros eram enviados aos campos de trabalho ou eram usados para a realização de experimentos.

Os prisioneiros considerados pouco aptos para trabalhar eram transferidos a câmaras de gás, onde eram informados de que receberiam uma ducha e, depois de deixar seus objetos em uma sala, eram encerrados e assassinados com Zyklon B. Quando todos haviam morrido, era revisado se não tinham nenhum objeto de valor (dentes de ouro, brincos) e eram levados a fornos crematórios.

Embora no primeiro momento as mulheres não fossem levadas ao campo, em 1942 começaram a trasladá-las a Auschwitz II, onde eram assassinadas ou obrigadas a participar em cruéis experimentos de esterilização que aconteciam no campo principal.

No campo ainda se conservam alguns barracões originais, as enormes latrinas e os restos dos fornos crematórios e as câmaras de gás que os nazistas tentaram destruir antes de sua fuga.

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