Dias após o programa eleitoral de Geraldo Alckmin (PSDB) relacionar a polarização na disputa pela Presidência entre Jair Bolsonaro (PSL) e o PT ao risco de o Brasil se tornar uma Venezuela, a campanha do deputado federal também utiliza a crise no país vizinho em peça de propaganda. O vídeo sugere que o voto em Alckmin, Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) seria uma ameaça de que os brasileiros enfrentem a mesma situação dos venezuelanos.
O material começa com a frase: “o resultado do socialismo” e traz uma sequência de imagens de conflitos nas ruas, geladeiras vazias, pessoas procurando comida no lixo, com legendas de “fome”, “pobreza” e “desespero.” As cenas são de Caracas, capital da Venezuela, e Pacaraima, em Roraima. O vídeo encerra dizendo que “quem planta” Haddad, Ciro, Alckmin e Marina “colhe” Nicolás Maduro, presidente venezuelano.
A peça publicitária faz parte da estratégia da campanha de Bolsonaro, que prega ter a única candidatura capaz de evitar um novo governo do PT. Interlocutores do PSL acreditam que a antecipação da polarização com o PT pode favorecer um crescimento de Bolsonaro nesta reta final, graças a um voto útil contra a esquerda. Fernando Haddad (PT) aparece hoje em segundo lugar nas pesquisas, atrás de Bolsonaro.
Neste sábado, Bolsonaro postou em suas redes sociais que conhecer o País em períodos eleitorais é oportunismo. Internado há 15 dias no Hospital Albert Einstein, o deputado tem feito vídeos e divulgado os mesmos nas suas redes sociais.
Bolsonaro também fez críticas ao “controle da mídia e internet”, em outra rede social, que segundo o capitão, precisam de liberdade para resistir “ao plano de poder da esquerda”.
Alckmin
Mantendo a estratégia de se colocar como alternativa moderada a Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) para chegar ao segundo turno da eleição presidencial, a campanha do candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin, veiculou na quinta-feira (20) um programa em que relaciona o capitão reformado e o PT à Venezuela e ao ex-presidente Hugo Chávez. A peça fala sobre “o que um voto errado pode fazer com um país” e lembrará elogios do candidato do PSL e de Lula a Chávez. O tucano diz que “o risco de o Brasil se tornar uma nova Venezuela é real”.
A propaganda de Alckmin cita “semelhanças” entre os dois países e enumera “riquezas naturais, povo criativo, grande parque industrial, bastante investimento estrangeiro, pobreza, violência e corrupção”. Em seguida, sustenta que os problemas sociais na Venezuela foram o “cenário perfeito para um salvador da pátria” e levaram à eleição de Hugo Chávez, uma “escolha eleitoral desastrosa para o país”, nas palavras da campanha tucana.
Mais à frente, ao apresentar Bolsonaro como o “salvador da pátria” da vez, a peça mostra o depoimento de uma refugiada venezuelana que afirma: “Não acreditem em salvador, atrás desse salvador o que existe é um diabo”.
“É muito triste ver o que um voto errado pode fazer com um país. Mais triste ainda é saber que, aqui no Brasil, o homem que deu início à destruição daquele país, Hugo Chávez, tem dois fãs bastante conhecidos”, diz uma apresentadora.
O programa, então, lembra uma declaração de Lula de que foi “grande amigo de Chávez” e uma entrevista de Bolsonaro ao jornal O Estado de S. Paulo, em 1999, em que o deputado afirmou que o ex-presidente venezuelano “é uma esperança para a América Latina e gostaria muito que esta filosofia chegasse ao Brasil”.