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Após encontro tenso no Alasca, os Estados Unidos participarão de reunião sobre o clima liderada pela China

Com a participação de John Kerry, o governo americano quer sinalizar que está de volta à mesa de negociações sobre o clima. (Foto: Reprodução)

Os Estados Unidos e a China terão nesta terça-feira (23) uma reunião sobre formas de cooperação para combater a mudança climática, um encontro que ocorre depois de uma reunião tensa entre representantes dois países na semana passada.

John Kerry, enviado dos EUA para o clima, participará junto com seu colega chinês, Xie Zhenhua, de uma conferência virtual sobre o clima. A China presidirá a reunião de funcionários do alto escalão de diversos países europeus, da União Europeia (UE) e do Canadá.

O encontro foi criado por China, UE e Canadá para reunir anualmente as principais economias e maiores poluidores globais após os EUA terem anunciado, em 2017, sua saída do Acordo de Paris, ainda sob o governo de Donald Trump. Com a participação de Kerry, o governo americano quer sinalizar que está de volta à mesa de negociações sobre o clima.

O evento será o primeiro compromisso oficial entre Kerry e Xie desde a posse do presidente americano, Joe Biden. No entanto, segundo as fontes, os dois já
conversaram informalmente sobre a possibilidade de estabelecer um mecanismo mais formal de engajamento para lidar com questões climáticas.

A nova reunião ocorre depois de um encontro tenso na semana passada entre os mais importantes diplomatas de EUA e China. As delegações dos dois países trocaram farpas sobre questões de direitos humanos, agressões contra outros países e o papel do governo americano no mundo.

Considerando o clima da reunião no Alasca, a tentativa de diálogo entre Kerry e Xie será um teste para a estratégia do governo de Biden de tentar cooperar com a China em questões como a mudança climática e a pandemia de covid-19, enquanto os dois países competem pela influência global e pelo controle de tecnologias críticas.

Pequim também quer colocar a rivalidade em um caminho mais previsível após anos de desgastes nas relações entre dos dois países durante o governo de Trump.

O clima é uma questão essencial. É possível trabalhar nisso mesmo quando há uma competição entre grandes potências”, disse uma das pessoas familiarizadas com a próxima reunião entre Kerry e Xie.

O Departamento de Estado dos EUA e o Ministério de Proteção Ambiental da China confirmaram a presença de Kerry e Xie na reunião virtual desta terça. A China disse que eles não se reunião separadamente. Já o governo americano não quis comentar se seu enviado climático conversaria com o colega chinês.

A crise climática emerge como uma área promissora para a cooperação entre os dois maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo. Biden tornou a questão uma prioridade de seu governo e, logo no início de seu governo, recolocou os EUA no Acordo de Paris.

O presidente da China, Xi Jinping, também deixou claro que leva o clima a sério, usando uma reunião política neste mês para reiterar que o país precisa cortar as emissões e alcançar a neutralidade de carbono.

Xie e Kerry, então secretário de Estado do governo do ex-presidente Barack Obama, trabalharam juntos no Acordo de Paris. Após Kerry ser nomeado como enviado climático de Biden, Pequim reconduziu Xie ao cargo que ocupou até 2018.

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