Mais de uma semana depois de dizer que a decisão do Senado de derrubar o veto aos reajustes de servidores era um “crime contra o País”, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira (28) que a declaração foi um “desabafo” e não houve intenção de ofender os parlamentares.
Ao comentar o episódio durante encontro com empresários, Guedes disse que se surpreendeu porque o veto à medida havia sido acordado com a presença dos presidentes das duas Casas do Congresso e governadores para que as despesas com pessoal fossem congeladas, em troca da ajuda aos Estados e municípios.
Para o ministro, permitir reajustes para servidores públicos faria com que o dinheiro para o combate à pandemia se transformasse, no futuro em aumentos salariais. A decisão acabou sendo revertida pela Câmara dos Deputados.
“Foi nesse sentido que eu disse: ‘Olha, isso aí é um crime contra as finanças públicas do País’. O Senado tem nos apoiado em tudo, fizemos a reforma da Previdência, fizemos a cessão onerosa, estamos fazendo as reformas. Eu fiquei impactado, eu tomei um susto. Eu quase não acreditei, foi uma decepção. Foi muito mais um desabafo e uma força de expressão, nunca uma ofensa ao Senado ou aos senadores”, disse o ministro.
“Demarcação de espaço”
A declaração de Guedes, na semana passada, causou mal-estar entre senadores, que convidaram o ministro para se explicar sobre a fala. Para ele, a situação é normal e que se trata de uma “demarcação de espaço” entre os Poderes.
Nova CPMF
Também nesta sexta, Guedes, disse que não vai aumentar impostos e defendeu que um imposto sobre base ampla, no moldes da CPMF, seria apenas para desonerar outros setores.
“Essa ideia de queremos criar um imposto novo, para aumentar imposto, para fazer populismo, está totalmente equivocada. É fake news mesmo, é guerra política, é um equívoco, um erro. Só se fala em um imposto de base ampla para desonerar, para tirar o mais cruel de todos os impostos, que é o imposto sobre folha de pagamento.”
Segundo Guedes, um imposto que onere amplamente a economia serviria para reduzir, além da folha de pagamento, até outros sete impostos.
“Quando se fala num imposto de base ampla, de transações digitais, tem que se entender o seguinte: se um imposto desse surgir é basicamente para desonerar a folha e outros impostos. Se for para tirar 3,4,5,6,7 impostos e inclusive reduzir tributo sobre salário é disso que estamos falando, não é nunca de aumento de imposto.”
O ministro também defendeu a aprovação da reforma tributária, para reduzir os impostos sobre as empresas, e a tributação de dividendos.
“Hoje se você investir ou pagar dividendo é a mesma coisa. Tá errado. Se pagar dividendo, o cara que receber dividendo vai pagar mais imposto. Hoje ele não paga nada, é um absurdo, é anti social inclusive, o trabalhador paga 27% de imposto de renda e o bilionário paga zero porque recebeu em dividendo.”