O advogado Dan Woska, 63 anos, que mora na cidade de Oklahoma, capital do Estado de mesmo nome, nos Estados Unidos, avaliava suas opções de tratamento depois de ter descoberto um câncer de próstata há dois anos quando um amigo comentou a respeito de um novo método. O procedimento custa em torno de 4 mil dólares (cerca de 16 mil reais).
O exame, chamado Oncotype DX, não era coberto pelo seguro de Woska. Porém, graças a um programa de ajuda a pacientes, ele foi examinado gratuitamente, usando um pedaço minúsculo de tecido que sobrou de sua biópsia.
O novo teste se baseia na expressão de 17 genes no tumor e promete quantificar as chances de o tumor se tornar maligno e possivelmente letal. Os resultados indicaram haver 81% de probabilidade de que o tumor de Woska não iria se espalhar além da próstata. Em uma escala de agressividade de 0 a 100, o câncer era o que os médicos chamam de “indolente 15”.
Animado e aliviado, Woska decidiu abrir mão da radioterapia e da cirurgia. “Todos ficam meio alucinados: como eu tenho câncer, então teria de tirá-lo”, disse. O advogado agora acompanha seu problema de perto com testes frequentes e exame de sangue a cada 90 dias. “Estou indeciso. Não quero ter este câncer no meu corpo, mas tudo me diz que parece ser de baixo risco.”
Decisões sobre o tratamento para o câncer de próstata estão cheias de enigmas do mesmo tipo enfrentado por Woska. Todo ano, 220 mil americanos recebem diagnóstico da doença, mas de 33% a 50% dos casos não são letais, e a maioria das pessoas que têm a doença não morre dela. O problema é que os médicos não sabem como distinguir os letais dos de crescimento lento – os chamados indolentes.
Agora, várias novas ferramentas de diagnóstico destinadas a diferenciar o câncer agressivo do indolente estão sendo disponibilizadas e outras ainda estão em desenvolvimento. Os exames auxiliariam a descobrir “quais são os tumores malvados”, nas palavras de Steve Shak, cofundador da Genomic Health, criadora do Oncotype DX.
Porém, embora as técnicas prometam ajudar a tomar decisões como a de Woska (de procurar tratamento e adotar o que os médicos chamam de “vigilância ativa”), especialistas alertam que elas talvez não tenham sido estudadas o suficiente.
“Muitas empresas estão desenvolvendo exames que podem ser promissores, mas elas os enfiam porta adentro das clínicas sem ter feito toda a lição de casa”, afirmou David Penson, diretor de cirurgia urológica do Centro Médico da Universidade Vanderbilt (EUA). Segundo ele, “as regras para os novos testes de laboratório não são tão rigorosas quanto as para novos medicamentos”.
A FDA, a agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, não regulamenta exames desenvolvidos e fabricados em um só laboratório, mas está tentando ampliar sua supervisão nesse campo de rápido crescimento para garantir que os testes sejam exatos, confiáveis e tenham importância clínica na orientação das decisões de tratamento.
Enganoso.
Boa parte do interesse em novos testes nasce da realidade de que o exame de sangue para o antígeno específico da próstata feito em check-ups anuais pode ser enganoso, muitas vezes sugerindo câncer quando não há tumor.
Mesmo exames patológicos em tecido de biópsia que confirmam câncer muitas vezes não conseguem apresentar um retrato claro de como o tumor deve se comportar. A incerteza da informação é muito problemática porque a cirurgia e os tratamentos com radiação para o câncer de próstata podem ter sérios efeitos colaterais, como incontinência e disfunção sexual.