Aliados do presidente da República, Jair Bolsonaro, defendem um afastamento temporário do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, até que as acusações contra ele feitas em inquérito da PF (Polícia Federal) sejam esclarecidas, de acordo com informações do blog de Valdo Cruz, do portal de notícias G1.
Segundo interlocutores de Bolsonaro, seria uma forma de preservar o próprio presidente, caso algo de mais grave seja confirmado. Aliados de Bolsonaro avaliam que ao menos o afastamento temporário é necessário diante das suspeitas levantadas pela PF de “movimentação financeira estranha” de um escritório de advocacia do qual Salles é sócio.
O inquérito investiga se essas movimentações atípicas estariam relacionadas a pessoas ligadas às empresas acusadas de exportação ilegal de madeira. Por enquanto, apesar das pressões, o presidente Bolsonaro mantém seu ministro do Meio Ambiente no posto, ainda segundo Valdo Cruz. Interlocutores próximos ao presidente disseram ao blog, porém, que ele está preocupado com o que o inquérito pode mostrar e, caso seja informado de qualquer indício mais forte de irregularidade, determinará o afastamento de Ricardo Salles.
Operação Akuanduba
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi um dos alvos da Operação Akuanduba, deflagrada na quarta-feira (19) pela PF por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Foram expedidos mandados de busca e apreensão “de itens, bens, documentos, mídias, dados e objetos” contra Salles e mais 17 pessoas, além de cinco pessoas jurídicas – no caso, empresas, associações e madeireiras.
Moraes retirou o sigilo da decisão que determina uma série de medidas cautelares de busca e apreensão, quebra de sigilos bancário e fiscal, suspensão do cargo, entre outras, relativas a diversos agentes públicos e pessoas jurídicas, investigados em operação que apura suposto envolvimento em esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais.
A decisão foi tomada na Petição (PET) 8975. Entre as medidas, o ministro determina a quebra de sigilos bancário e fiscal do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o afastamento de Eduardo Bim do cargo de presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
A ação, segundo a PF, é destinada a apurar crimes contra a Administração Pública (corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e, especialmente, facilitação de contrabando) praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro.
As investigações foram iniciadas em janeiro deste ano, a partir de informações obtidas junto a autoridades estrangeiras noticiando possível desvio de conduta de servidores públicos brasileiros no processo de exportação de madeira.
Ao autorizar a abertura da Operação Akuanduba, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), declarou que as investigações da PF (Polícia Federal) descobriram um “grave esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais”. O ministro aponta na decisão o suposto envolvimento de Ricardo Salles e de Eduardo Bim, entre outros servidores do órgão e empresários.
“De acordo com a representação da autoridade policial, os depoimentos, os documentos e os dados coligidos sinalizariam, em tese, para a existência de grave esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais o qual teria o envolvimento de autoridade com prerrogativa de foro, no caso, o atual Ministro do Meio Ambiente, Ricardo de Aquino Salles, de servidores públicos e de pessoas jurídicas”, diz o ministro. As informações são do portal de notícias G1, do STF e da PF.