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Após se transformar na segunda bancada do Senado, o partido Podemos quer crescer na Câmara dos Deputados

"Talvez esse desgaste revele a inaptidão dele (Moro) na atividade política", declarou Dias. (Foto: Agência Senado)

Após se tornar a segunda maior bancada do Senado na semana passada, o Podemos agora quer arregimentar deputados federais. O partido está oferecendo candidaturas às prefeituras, no ano que vem, para atrair parlamentares de outras siglas, mesmo amargando a perda recente de uma parte do fundo eleitoral.

Diferentemente do Senado, na Câmara a troca de partido só é permitida em alguns casos, como expulsão e na janela aberta antes das eleições. Líder do Podemos na Câmara, José Nelto (GO) espera que a bancada dobre e chegue a 20 deputados. Ele diz negociar com oito parlamentares de PSL, PSB e PDT.

O Podemos quer crescer na esteira do afastamento do PSL, de Jair Bolsonaro, das bandeiras de combate à corrupção e defesa da Lava-Jato. A senadora Juíza Selma (MT), por exemplo, abandonou o PSL na semana passada reclamando de pressão para retirar a assinatura do requerimento de criação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Tribunais Superiores. Ela migrou para o Podemos.

Com Selma e Reguffe (DF), também filiado recentemente, o Podemos chegou a 11 senadores, ficando atrás apenas do MDB. Outros nomes estão conversando com a sigla, como Flávio Arns (Rede-PR) e Major Olímpio (PSL-SP). A tendência é que, com o novo tamanho, o Podemos se torne um fiel da balança do Senado.

Depois de ficar três anos sem partido após deixar o PDT, Reguffe diz ter se decidido pelo Podemos devido à promessa de “liberdade” em votações: “O partido me deu liberdade total de voz e voto. Além disso, penso que nós precisamos construir no Brasil uma alternativa de centro, mas não desse centro fisiológico, mas um centro democrático”.

A articulação do Podemos para aumentar a bancada no Senado repete o movimento de Renan Calheiros (MDB-AL), em 2015, quando construía sua candidatura à presidência da Casa. Aliados de Alvaro Dias (PR), líder do Podemos, admitem o interesse dele em se eleger para o comando do Senado. O nome do senador, porém, encontra muita resistência na Casa.

Briga pelo fundo eleitoral

Em outra frente, o partido briga para tentar garantir a parte do fundo eleitoral a que teria direito com o crescimento desde as últimas eleições. O projeto de reforma partidária aprovado pela Câmara na semana passada determina que o critério para distribuição do fundo seja o tamanho da bancada eleita, e não a atual. A proposta espera sanção ou veto de Bolsonaro.

Com os critérios da lei atual, considerando a bancada atualmente na Câmara e no Senado, o Podemos teria direito a cerca de de R$ 142 milhões, caso o fundo se concretizasse nos R$ 3,7 bilhões almejados por lideranças do Congresso. Com apenas cinco senadores eleitos em 2018, porém, o valor cai para R$ 104 milhões. A presidente do partido, deputada Renata Abreu (SP), tentou impedir a alteração.

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