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As apreensões de cocaína em portos brasileiros cresceram 50% este ano, disse a Receita Federal

Apreensão de cocaína bate recorde nos portos brasileiros. (Foto: Divulgação/ Receita Federal)

As apreensões de cocaína em portos brasileiros aumentaram 50% entre janeiro e outubro de 2019, de acordo com a Receita Federal. Foram 47,1 toneladas apreendidas nos dez meses. O total apreendido em todo o ano de 2018 foi de 31,5 toneladas. A maior parte da droga foi encontrada nos portos de Santos (18,9 t), Paranaguá (13,5 t), Natal (4,4 t) e Itajaí (3,7 t). Segundo a Receita, os principais destinos eram portos da Holanda, França e Bélgica.

As investigações apontam que dentro dos postos trabalhadores subornados pelos traficantes rompem os lacres e escondem a cocaína nos contêineres – sem o conhecimento das empresas exportadoras. A cocaína é colocada em diferentes tipos de cargas, como de café e produtos químicos.

Para a Receita Federal, o recorde nas apreensões tem a ver com o aumento da produção de cocaína nos países andinos – origem da droga – e também com o treinamento dos agentes que estão preparados para identificar os carregamentos. A maioria dos portos tem aparelhos de raio-x que identificam cargas suspeitas ainda dentro dos contêineres.

“Todos esses detalhes, como feito, como eles pegaram, como chegaram a essa droga é repassado para as equipes de vigilância e também para o escritório de inteligência”, afirma Gerson Faucz, delegado da Receita Federal. Com o aperto da fiscalização, as quadrilhas testam novas rotas. A Receita apreendeu cargas de cocaína que iam para Portugal e Itália, países que até agora não estavam no radar da fiscalização.

“A polícia tem que estar sempre se adequando ao estilo dos criminosos e buscando sempre a identificação deles da forma mais rápido possível”, explica Luciano Flores, superintendente regional da Polícia Federal (PF).

Consumidores

A segunda edição do Relatório Nacional de Álcool e Drogas, elaborado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), lançada em agosto, mostrou que 5,6 milhões de adultos e 442 mil menores, que têm entre 14 e 17 anos, admitiram ter consumido cocaína na forma de produtos derivados como crack, óxi e merla.

“Nosso estudo mostrou que o país é o segundo maior mercado de cocaína e seus derivados no mundo. O número absoluto de usuários no Brasil representa 20% do consumo mundial”, disse o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador da pesquisa.

Entre os que admitiram ter consumido a droga no último ano, 2,6 milhões são adultos e 244 mil são adolescentes. A Unifesp entrevistou 4.607 pessoas com mais de 14 anos de idade mediante questionários em residências de 149 municípios do país.

Segundo a pesquisa, 5,1 milhões de adultos e 316 mil adolescentes cheiraram cocaína alguma vez; já 1,8 milhões de adultos e 150 mil adolescentes fumaram algum dos derivados da droga. O estudo indica também que 2 milhões de brasileiros fumaram crack ou merla em alguma ocasião e que 1,2 milhões fez uso no último ano. O consumo foi três vezes maior em áreas urbanas do que em áreas rurais, e muito concentrado (46%) no Sudeste.

A Unifesp comparou os dados obtidos com estatísticas internacionais, entre elas as da Organização Mundial da Saúde (OMS), para concluir que o Brasil é o segundo maior consumidor de cocaína e seus derivados no mundo. Essa posição é atribuída por Laranjeira ao alto consumo de crack no país. “Nenhum país no mundo tem 1 milhão de consumidores de crack”, afirmou.

A lista é liderada pelos Estados Unidos, com 4 milhões de consumidores no último ano, seguido por Brasil (2,8 milhões), os demais países sul-americanos (2,4 milhões), Reino Unido (1,1 milhões), Espanha (0,8 milhões) e Canadá (0,5 milhões), segundo dados citados no estudo.

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