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Armas apreendidas em favelas do Rio podem ter sido vendidas por Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle

Armamento encontrado na casa de Ronnie Lessa iniciou investigação por tráfico de armas. (Foto: Divulgação/Polícia Civil)

A Polícia Civil do Rio de Janeiro encontrou indícios de que armas apreendidas em favelas cariocas podem ter sido vendidas pelo ex-PM reformado Ronnie Lessa, preso e acusado pelos homicídios de Marielle Franco e Anderson Gomes, segundo informações do portal de notícias G1. Na segunda-feira (13), Ronnie foi indiciado por tráfico internacional de armas, suspeito de intermediar armamento proibido entre 2014 e 2018.

A análise de armas apreendidas pela polícia Civil e pela Polícia Militar desde 2014 encontrou indícios de que o material havia sido vendido por Lessa.

Segundo a Polícia Civil, foi feita a análise de 14 armas apreendidas, principalmente no Complexo do Lins, na Zona Norte, e em Jacarepaguá, na Zona Oeste.

Em todas elas, a perícia encontrou similaridades com as 117 fuzis incompletos apreendidos na casa de Alexandre Mota, amigo de Lessa, logo após sua prisão.

Segundo o delegado Marcus Amim, da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), traficantes eram possivelmente o carro-chefe do comércio de armas de Lessa. A polícia diz que há um diálogo interceptado em que ele comemora a tomada de uma comunidade por uma determinada facção criminosa.

“Olha, é difícil cravar o lucro, mas ele estava ali há quatro anos fazendo esse tipo de comércio. Então, a gente tem ali uma projeção de alguns milhões”, afirmou.

“A gente foi a determinados locais, pediu perícias de confronto do material que foi encontrado na casa do Alexandre com essas armas apreendidas. A perícia não pode cravar que é a mesma peça, ela fala em similitudes. A gente conseguiu laudos que deram semelhança de peças”, disse o delegado.

Depois do indiciamento, em casos de crime internacional, o inquérito é encaminhado para a Justiça Federal, que abre vistas ao Ministério Público. A partir daí, o MP decide se oferece uma denúncia ou envia para a Polícia Federal fazer novas diligências e aprofundar as investigações.

Uma conversa de 13 de agosto de 2018, pelo Whastapp, chamou a atenção dos analistas. No trecho, Mohana Figueiredo, filha de Ronnie Lessa, envia ao pai a foto de uma peça de fuzil. Mohana também foi indiciada.

Na troca de mensagens, a Desarme encontrou ainda uma orientação de Lessa à filha. “Escreve ‘metal parts’ [peças de metal]”. A polícia acredita que essa descrição do que estava sendo mandado para o Brasil era uma forma de burlar a fiscalização.

As compras realizadas por meio eletrônico e as mensagens trocadas demonstram que o material era trazido para montagem de armas de fogo no Brasil. Ronnie Lessa adquiria essas peças de armas fora do país e orientava sua filha para que retirasse embalagens e outras identificações, com o intuito de se esquivar de qualquer órgão fiscalizador brasileiro”, detalhou Amim.

Há outros envios feitos por Mohana, que vivia na Geórgia e trabalhava como treinadora de futebol. “Vou postar hoje. O que escrevo na descrição e valor?”, pergunta a filha. “Rubber parts [peças de borracha]”, responde, Lessa, uma semana mais tarde.

Em 23 de outubro de 2018, Lessa dá orientações mais específicas no intuito de burlar qualquer possível fiscalização: “Não coloca o fone, não. Bota tudo sem nota e embalagem escreve plastic block [placas plásticas]”, diz, completando: “Coloca como valor o preço da taxa de correio”. As informações são do portal de notícias G1.

 

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