As Bolsas da Europa fecharam quarta-feira (24), com robustas perdas, em um dia de generalizada aversão ao risco, em meio ao renovado pessimismo em relação à economia global.
Investidores reagiram a uma combinação de notícias negativas, notadamente a revisão descendente do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o Produto Interno Bruto (PIB) global em 2020 e o persistente aumento no número de casos de coronavírus, além do ressurgimento de tensões comerciais entre Estados Unidos e União Europeia (UE).
O mau humor se agravou após indicação de que Washington poderá tarifar bilhões de dólares em produtos da União Europeia e do Reino Unido, como parte de uma antiga disputa envolvendo subsídios para aviões.
Os EUA vêm registrando aumento no número de infecções por Covid-19 desde que começou a remover medidas de isolamento motivadas pela doença.
O índice Stoxx 600 encerrou com baixa de 2,78%, a 357,17 pontos, com os principais índices acionários do continente nas mínimas do dia. “O sentimento de mercado de ações está sendo testado, à medida em que aumenta o número de casos de coronavírus, combinados com as ameaças tarifárias dos EUA contra a Europa arrastando fortemente o apetite pelo risco”, resume o analista de mercados financeiros da Oanda, Edward Moya.
Pela manhã, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês) divulgou comunicado em que informa estudar impor tarifas a US$ 3,1 bilhões de exportações da UE, em novo capítulo de uma longa disputa protagonizada por Washington e o bloco. A notícia se juntou aos relatos de alta no número de casos de coronavírus em território americano e derrubou índices acionários por todo o continente.
Na Bolsa de Londres, o índice FTSE 100 cedeu 3,11%, a 6.123,69 pontos. Para adicionar mais uma camada de incertezas aos negócios, o negociador da UE para a saída do Reino Unido do Bloco, Michael Barnier, voltou a demonstrar incertezas quanto aos prospectos de um acordo comercial para o período subsequente ao Brexit, que se oficializa no final do ano.
FMI
O quadro nas bolsas europeias piorou após o FMI informar que atualizou para baixo a projeção para o PIB global, de queda de 3% para contração de 4,9%. O Fundo estima que a economia da zona do euro encolherá 10,2%, frente à previsão anterior de 7,5%. No Reino Unido, a retração deve ser de 10,2%, enquanto Alemanha deve perder 7,8% e França, 12,5%. Com o cenário, o índice CAC 40 recuou 2,92%, a 4.871,36 pontos na Bolsa de Paris, enquanto, em Milão, o FTSE MIB cedeu 3,42%, a 19.162,98 pontos.
Em Frankfurt, o DAX registrou baixa de 3,43%, a 12.093,94 pontos. Diante do noticiário negativo, o mercado alemão ignorou a leitura surpreendente do índice de sentimento das empresas do país, que saltou de 79,7 pontos em maio para 86,2 pontos em junho.
Em Madri, o Ibex 35 caiu 3,27%, a 7.195,50 pontos. Em Lisboa, o PSI 20 perdeu 1,75%, a 4.371,82 pontos.
Das grandes economias do planeta, apenas a China se manterá com taxas positivas de crescimento, em 1%. Ainda assim, o Fundo Monetário Internacional também revisou para baixo as estimativas para o gigante asiático, já que, em abril, a previsão era de 1,2% positivo.
Para os Estados Unidos, o cenário é ainda mais alarmante, já que se esperava dois meses atrás uma contração de 6,1%, e agora os especialistas preveem que chegada a 8%.
“A pandemia da Covid-19 teve um impacto mais negativo do que o antecipado na atividade, durante a primeira metade de 2020. Projetamos que a recuperação seja mais gradual do que o previsto anteriormente”, aponta do documento divulgado pelo FMI.
Para a região da América Latina e Caribe, a atividade econômica deverá apresentar recuo de 9,4% neste ano, o que é 4,2% inferior ao prognóstico feito em abril pelo Fundo Monetário Internacional. O México apresenta a situação mais grave, com 10,1% de contração.
Em 2021, o FMI espera que a região conseguirá crescer 3,7%, o que significa aumento de 0,3% na comparação com a previsão de dois meses atrás.