Crianças infectadas com o novo coronavírus produzem anticorpos mais fracos e em menor quantidade do que os adultos, sugerindo que eliminam a infecção muito mais rapidamente, de acordo com um estudo da Universidade Columbia, de Nova York, publicado nesta quinta-feira (5) na “Nature Immunology”.
Outras pesquisas já haviam sugerido que uma resposta imunológica excessivamente forte pode ser a principal razão para pessoas que ficam gravemente doentes ou morrem devido à Covid-19.
Paradoxalmente, uma resposta imunológica mais fraca em crianças pode indicar que elas eliminam o vírus antes que ele tenha a chance de causar estragos no corpo. E também pode ajudar a entender por que geralmente elas não têm sintomas graves da Covid-19. Mais: também pode revelar por que é menos provável que transmitam o vírus a outras pessoas.
“Pode ser que eles sejam infecciosos por um período mais curto”, disse Donna Farber, imunologista da Universidade Columbia.
Ter anticorpos mais fracos e em menor quantidade não significa que as crianças correm maior risco de reinfecção, afirmaram especialistas.
“Não é preciso uma resposta imune enorme para se manter a proteção contra a doença por um certo período de tempo”, disse Deepta Bhattacharya, imunologista da Universidade do Arizona, em Tucson.
O estudo analisou os níveis de anticorpos das crianças em um único ponto no tempo de infecção e não informa sobre eventuais variações por faixa etária
Comparação com adultos
Farber e seus colegas analisaram anticorpos para o coronavírus em quatro grupos de pacientes: 19 doadores de plasma convalescentes, todos adultos, que se recuperaram da doença sem serem hospitalizados; 13 adultos hospitalizados com síndrome de dificuldade respiratória aguda resultante da Covid-19 grave; 16 crianças hospitalizadas com síndrome inflamatória multissistêmica, condição rara que afeta algumas crianças infectadas; e 31 crianças infectadas que não tinham a síndrome. Cerca de metade deste último grupo era assintomática.
Indivíduos em cada grupo tinham anticorpos, o que é consistente com outros estudos, que mostram que a grande maioria das pessoas infectadas pelo coronavírus apresenta resposta imunológica robusta.
“Isso enfatiza, ainda, que a infecção viral em si, e a resposta imune ao coronavírus, não é muito diferente do que esperaríamos de qualquer vírus”, disse Petter Brodin, imunologista do Instituto Karolinska, em Estocolmo.
Mas a gama de anticorpos difere entre crianças e adultos. As crianças produziram principalmente um tipo de anticorpo, denominado IgG, que reconhece a proteína spike (ou espícula) exposta na superfície do vírus. Os adultos, por outro lado, produziram vários tipos de anticorpos contra a spike e outras proteínas virais, mais poderosos na neutralização do vírus.
“As crianças tiveram menos resposta protetora, mas também tiveram menos amplitude de resposta de anticorpos”, disse Farber. “É porque essas crianças não estão sendo infectadas com tanta gravidade.” As informações são do jornal The New York Times.