As ex-presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, e do Brasil, Dilma Rousseff, se reuniram no sábado (09) durante uma visita privada da brasileira a Buenos Aires. “Afetuoso encontro em minha casa com a companheira Dilma”, escreveu Kirchner (2007-2015) em sua conta do Twitter ao divulgar uma fotografia das duas em seu apartamento no bairro de Recoleta, em Buenos Aires.
Kirchner, que assumiu no domingo (10) uma cadeira no Senado argentino, enfrenta um pedido de perda de imunidade e de detenção de um juiz federal, por supostamente acobertar iranianos acusados pelo atentado contra um centro judaico que matou 85 pessoas em 1994.
“Entre outros temas, conversamos sobre uma realidade que está se impondo em nossos países. Um processo que se denomina mundialmente Lawfare e consiste na utilização do aparato judicial como arma para destruir a política e os líderes opositores”, relatou Kirchner.
Dilma Rousseff foi afastada do poder em um processo de impeachment em 2016. Ela foi substituída por seu vice, Michel Temer, que também é investigado por acusações de suposta corrupção. “O objetivo é o mesmo no Brasil e aqui: ocultar o desastre econômico que estão realizando os governos neoliberais da região”, completou Kirchner sobre os vários processos judiciais que as duas ex-presidentes enfrentam em seus respectivos países.
Lula
Dilma declarou na sexta-feira (08) no Uruguai que a “perseguição judicial” contra o também ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se deve ao fato de que a direita “não tem um candidato” para as eleições de 2018. Dilma, que participou de uma conferência em Montevidéu, afirmou que os partidos de centro e de direita do Brasil querem destruir Lula por meio de uma “guerra política”, mas assegurou que seu predecessor será candidato à presidência novamente.
Se tivessem um candidato não tentariam tanto destruir o Lula. Querem destruí-lo porque não têm um candidato. “Usam a lei como arma de guerra política e de destruição civil, da cidadania de uma pessoa, acusando-a de corrupção, e não lhes interessa se depois a pessoa será absolvida, lhes interessa que a inabilitem ou a destituam”, acrescentou.
A ex-presidente fez um paralelismo entre essa situação e a que levou em 2016 à sua destituição por supostas irregularidades fiscais. “É como o meu golpe, eles consideraram durante um tempo que era justo e nós temos que desmontá-lo e mostrar que é uma perseguição política e uma injustiça”, destacou Dilma.
Sobre esse último ponto, a ex-governante ressaltou também que esse é o momento da esquerda no Brasil, e em particular o PT, contra-atacar. “Para nós é fundamental conseguir reverter este projeto, e este só poderá ser revertido agora em 2018, se não a luta de longo prazo é muito mais dura”, comentou. Nesse sentido, Dilma fez um apelo para que a população recupere o impulso democrático.
“A democracia para nós é o lado certo da história, sempre que estivemos com a democracia, ganhamos. Sempre que aprofundamos a democracia, ganhamos. E sempre que a radicalizamos, ganhamos. Agora estamos em um momento em que vamos resistir, Lula será candidato a presidente do Brasil”, frisou.
