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As falas absurdas de Léo Lins que o levaram à prisão

O humorista Léo Lins foi condenado a oito anos e três meses de prisão por falas consideradas criminosas. (Foto: Reprodução)

O humorista Léo Lins foi condenado a oito anos e três meses de prisão por falas consideradas criminosas durante a apresentação do espetáculo de standup “Perturbador”, compartilhado no YouTube em 2022. A sentença destaca que os discursos “estimulam a propagação de violência verbal na sociedade e fomentam a intolerância”. O vídeo inclui uma série de declarações contra negros, idosos, obesos, pessoas soropositivas, indígenas, nordestinos, judeus, evangélicos, pessoas com deficiência e pessoas LGBTQIA+.

Veja abaixo algumas das falas que motivaram a condenação.

Xenofobia

“Você pegar voo para o Nordeste é uma experiência, porque tem umas pessoas com aparência primitiva […] Anda em 2D, parece um caranguejo.”

“Tem ser humano que não é 100% humano. O nordestino do avião? 72%.”

Gordofobia

“Gordofobia é medo de gordo. Se tem uma coisa que eu não tenho medo é o gordo. A não ser que eu fosse feito de Nutella. Ia ficar tenso na rua, tô no celular, ai, lambe a minha bunda. Ei, quem é esse? Preciso me esconder, onde é que tem uma academia aqui, hein?”.

Homofobia

“O cara deixou assim: ‘Sou gordo! Adoro comer e não gosto de fazer exercício. Como vou emagrecer?’ Pegando Aids! Você não adora comer de tudo? Sai comendo gay sem camisinha! Uma hora vai dar certo! Essa piada pode parecer um pouco preconceituosa, porque é.”

Zoofilia

“Falam que a AIDS surgiu quando um ser humano transou com um macaco. Depois voltou a transar com pessoas. Eu fiquei impressionado. Eu não entendi como ele conseguiu se excitar com um macaco. Eu não entendi aquilo até um dia que eu vi na TV um macaco com a bundona grandona rosinha. Era um macaco gostosão, né, cara? Um pouquinho forte, um pouquinho peludo, uma bundona… É a Gracyanne Barbosa!”.

Pedofilia

“Uma vez eu estava num evento, o garçom chegou para mim: ‘Você quer um uísque com energético?’ Eu falei, tá maluco, rapaz? O uísque para mim tem que ser igual à mulher. Puro e com 12 anos.”

“Uma vez eu vi uma enquete na internet escritas assim: ‘O que vocês falam quando terminam de transar?’ Aí eu fui lá e escrevi: Não conta para sua mãe que eu te dou uma boneca. Me xingaram muito… esse dia eu fiquei mal. Eu só fiquei melhor no dia seguinte, quando eu fui no parquinho olhar as crianças.”

“Sou totalmente contra a pedofilia, sou mais a favor do incesto, se for abusar de uma criança, abusa do seu filho, ele vai fazer o quê? Contar para o pai?”.

Racismo

“O rico tenta ter filho e não consegue, vai para o médico, faz inseminação artificial, aí vai para África buscar um, lá tem plantação. Lá você escolhe no pé, ‘esse tá bem escurinho, vai dar like no Insta’. Vou levar mais um que Bruno Gagliasso vai querer também. Se não ele vai pegar o meu.”

Vídeo na internet

O comediante Léo Lins se pronunciou, na noite de quinta-feira (5). Num vídeo divulgado na internet, o humorista criticou o embasamento da sentença que determina sua prisão e o pagamento de uma multa equivalente a 1.170 salários mínimos (em valores de 2022, data do show “Perturbador”) e uma indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos.

Lins defendeu-se afirmando que, no palco, interpreta um personagem. E criticou a juíza federal Barbara de Lima Iseppi por citar a Wikipédia na sentença. “E isso não é uma piada”, disse o humorista. No texto, a juíza recorre à enciclopédia colaborativa para discorrer sobre o que é um show de stand up e comentar os recursos cênicos utilizados por Lins. Ela conclui: “não obstante a existência de edição de texto, de figurino, de se encontrar em um palco, parece-nos claro não se tratar de personagem, mas sim da pessoa, o comediante ‘Léo Lins’ quem ali está a proferir os discursos”.

No vídeo, Lins disse que um show de comédia utiliza figuras de linguagem como metáfora, ironia e hipérbole, o que teria sido ignorado pela juíza. Ele afirmou ainda que “estamos vivendo uma das maiores epidemias dos últimos tempos: a da cegueira racional”. “Os julgamentos são feitos puramente baseados em emoção e ninguém mais quer ouvir o próximo, quer no máximo convencê-lo de sua própria verdade. Isso pode trazer consequências gravíssimas no caso de um juiz e de uma juíza”, completou.

“Eu espero que os humoristas, a classe artística e as pessoas em geral entendam a gravidade de uma sentença como essa. Eu sei que muitos estão indignados com a minha condenação. Alguns estão felizes porque é isso que virou a nossa sociedade: um coliseu romano onde cada grupo vibra quando um suposto adversário cai ou é empurrado aos leões. Enquanto a plebe se mata, os imperadores assistem tudo do camarote, invioláveis e intocáveis”, afirmou o humorista.

Lins aproveitou para agradecer o apoio recebido. “Tenho fé que no fim vai dar tudo certo. Se rir virou crime, o silêncio virou regra”, finalizou. As informações são da revista Veja e do jornal O Globo.

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